Das 91 contas bancárias já congeladas nas Ilhas Maurícias à Quantum Global e ao seu presidente, Jean-Claude Bastos de Morais, 15 são citadas nos Paradise Papers, avança a imprensa local.
Em causa estão investimentos considerados suspeitos, como a construção do Porto de Caio, em Cabinda, e a edificação de uma torre futurista no centro de Luanda, avança o portal Défi Media.
O projecto de Cabinda, de mais de 800 milhões de dólares, foi financiado em 180 milhões de dólares pelo Fundo Soberano e tem como empresa concessionária a Caioporto SA, detida maioritariamente pelo empresário suíço-angolano.
Já a torre obteve 157 milhões de dólares do Fundo e foi projectada para um terreno que pertence a uma empresa de Bastos de Morais. Para além de o Estado ter assinado um contrato com essa firma do empresário, uma segunda empresa do suíço-angolano ficou com a direcção do projecto e execução de uma parte da torre destinada a alojar escritórios.
As suspeitas de que o gestor usava o Fundo Soberano para financiar os próprios investimentos ganhou expressão global a partir de um artigo publicado pelo jornal suíço Le Matin Dimanche, em que passava a pente fino as "ligações pessoais" de Jean-Claude Bastos de Morais com o aparelho de Estado angolano.
Nesse exercício, construído a partir de uma gigantesca fuga de informação de um escritório de advogados, o empresário foi acusado de fazer fortuna à custa de "milhares de milhões de dólares do povo angolano".
A sucessão de polémicas à volta do chamado homem forte de José Filomeno dos Santos, "Zénu", têm agora como epicentro as Maurícias, para onde um representante angolano se deslocou no início do mês, ao que tudo indica para solicitar a intervenção das autoridades locais na investigação às contas do Fundo Soberano.
No âmbito deste processo, de escrutínio do Fundo, o Governo angolano exonerou "Zénu", por falta de transparência da sua administração e, mais recentemente, afastou a Quantum Global da gestão dos seus activos.