Contra a ideia de que a administração da Sonangol saiu fragilizada do pleito de 23 de Agosto, a presidente da petrolífera nacional, Isabel dos Santos, reafirma a força da sua gestão.
"Somos uma empresa, não somos parte do Governo", disse a empresária durante a Conferência FT Africa, encerrada ontem, 9, em Londres, e promovida pelo jornal britânico Financial Times.
Convidada para intervir no painel "Oil, Gas and Minerals: Extracting Value" (Petróleo, Gás e Minerais: Extraindo Valor), a gestora reiterou que o seu mandato - iniciado por nomeação do seu pai, o ex-Presidente José Eduardo dos Santos - não sai beliscado com a entrada de João Lourenço, o novo Chefe do Governo e do Executivo.
"Os nossos cargos não são ministeriais, não estamos sujeitos às eleições", reforçou Isabel dos Santos, cujo mandato de cinco anos foi iniciado em Junho de 2016.
A empresária já tinha anunciado, em Março passado, a decisão de continuar à frente da Sonangol depois da saída de José Eduardo dos Santos da Presidência da República, sublinhando que a companhia estatal recebeu um "mandato claro".
Reduzir custos de produção petrolífera até 30 dólares
Os planos da gestora à frente da petrolífera angolana passam pela redução dos custos de produção do petróleo de cerca de 70 a 80 dólares por barril para entre 40 a 50 dólares.
"Temos de ser uma empresa mais ágil, mais competitiva, mais lucrativa e com uma gestão mais parecida com a que vemos no sector privado", projectou Isabel dos Santos, citada pela agência Reuters.
Segundo a bilionária, as recentes mexidas na administração concorrem para esse objectivo.
Isabel dos Santos acrescentou que, embora a petrolífera nacional tenha cancelado o projecto de construção de uma refinaria no Lobito, não abdicou da ideia, cuja concretização está dependente da identificação de parceiros.
"Vejo que existe um grande nível de interesse, operadores, investidores, financeiros; África será um daqueles continentes com o consumo em ascensão", antecipou a presidente do conselho de administração da Sonangol.