Esta dívida representa para a EPAL "enormes transtornos" e dificulta o funcionamento dos serviços.

Ao Novo Jornal, o porta-voz da EPAL, Vladimir Bernardo, que avançou os dados, disse que os cortes aos clientes devedores e a campanha de sensibilização que a empresa tem vindo a fazer, apesar de ter alguns resultados, não têm sido suficientes para amenizar a dívida.

A EPAL certifica que encontra muitas resistências por parte dos clientes devedores para o cumprimento das obrigações.

De acordo com porta-voz da EPAL, os municípios de Luanda, Cazenga e Viana são os que apresentam maior número de dívidas.

"Os clientes do município de Luanda deve 38 mil milhões, o do Cazenga 16 mil milhões e de Viana 14 mil milhões de kz", avançou.

Vladimir Bernardo salientou que a EPAL encontra muitas resistências não só de cidadãos mas também de instituições públicas e privadas no que toca ao pagamento.

"Cobramos e efectuamos cortes, inclusive negociamos a dívida, mas ainda assim há entidades que não nos pagam", disse.

Vladimir Bernardo afirmou que a falta de pagamento tem criado grandes transtornos à EPAL, o que compromete o fornecimento de água a vários bairros e distritos de Luanda.

"Ainda assim temos feito tudo para não deixarmos Luanda sem água, apesar de estarmos a efectuar cortes e a sensibilizar a população a ter a cultura de pagamento. Mas infelizmente os resultados não são os suficientes para ultrapassar essa dívida", referiu.

Segundo o porta-voz da EPAL, a única fonte de receita da empresa provém do pagamento do consumo e, não existindo esse pagamento, há grandes transtornos na empresa.

"Se de facto os clientes pagarem, conseguiremos ter folga financeira para investir em meios e projectos para levar a água a outros pontos. Na verdade, continuamos a ter muitas dificuldades por conta da dívida que os clientes contrariam", explicou.

Conforme Vladimir Bernardo, a EPAL coloca-se à disposição dos clientes devedores, "cuja dívida é elevadíssima", para que a negoceiem.

"Apelamos àqueles clientes com dívidas avultadas que podem ir a qualquer agência da EPAL de modo a negociar a dívida de forma parcelar", referiu o porta-voz.

O Novo Jornal apurou, entretanto, que entre os municípios menos devedores o da Quiçama é o que se encontra melhor posicionado, deve apenas 158 milhões de kz à EPAL, muito abaixo do município de Belas que deve 1,6 mil milhões de kwanzas.

Importa realçar que, de Janeiro a Junho deste ano, a dívida acumulada na EPAL disparou de 95 mil milhões para 99 mil milhões kz.

Conforme o porta-voz da EPAL, "isso só demostra a falta de interesse e de colaboração de muitos clientes que recebem a água e não pagam".

A EPAL aposta, desde o final de 2020, no programa piloto de instalação do sistema de pagamentos "pré-pagos" de água potável, mas segundo apurou o Novo Jornal, este processo é ainda um "embrião".

Até ao momento mais de 99 por cento dos clientes encontram-se no sistema de pagamento "pós-pago", o que tem influenciado no crescimento da dívida.