A exoneração de Isabel dos Santos do cargo de presidente do conselho de administração da Sonangol poderá ter sido precipitada pelas conclusões do grupo de trabalho nomeado pelo Chefe de Estado para avaliar o sector petrolífero.
Composto pelo ministro das Finanças, Archer Mangueira, dois representantes da Sonangol, um representante da Casa Civil do Presidente da República, e seis representantes de igual número de petrolíferas a operar em Angola - nomeadamente: BP Angola, Cabinda Gulf Oil Company, Eni Angola, Esso Angola, Statoil Angola e Total E&P -, esse "comando", coordenado pelo ministro dos Recursos Minerais e dos Petróleos, aponta uma série de debilidades à gestão de Isabel dos Santos.
Segundo o relatório final do grupo, citado pela agência Lusa, a concessionária nacional, sob comando da empresária, revelou estar "sem liderança e sem estratégia para desenvolver o papel de impulsionadora da indústria petrolífera".
Por outro lado, o colectivo assinalou o "mau relacionamento" entre a Sonangol, as companhias petrolíferas, subsidiárias empresas fornecedoras, "por ausência de pagamento regulares".
A esta lista juntam-se queixas sobre um excesso de burocracia, designadamente relativa à gestão da concessionária, que terá elevado a 5.000 milhões de dólares os processos que esperam aprovação na concessionária nacional.
O grupo aponta igualmente a ausência de actividades de exploração, nomeadamente de prospecção e pesquisa de hidrocarbonetos, sublinhando ainda a "falta de sintonia" entre a petrolífera estatal e o Ministério dos Recursos Minerais e dos Petróleos.
Queixas de paralisia do sector
"A situação tinha de ser reparada. Para se ter uma noção, basta dizer que nunca em 40 anos, neste país, os directores das companhias petrolíferas pediram uma entrevista ao Presidente da República para fazerem queixas que o sector está parado, não anda, que precisa de medidas. Isto é inédito", disse, à agência Lusa, o especialista em petróleos do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola, José Oliveira.
Para este perito, "a antiga administração preocupou-se com o aspecto empresarial, de contas, de melhorar o balanço e análise de todo o grupo e esqueceu-se que a função de concessionária é tão ou mais importante".