O Fundo Soberano de Angola (FSDEA), em 2017, ainda tinha à frente do seu Conselho de Administração, José Filomeno dos Santos, sendo ainda o exercício económico nesses 12 meses um dos mais salientes nas dúvidas que envolvem a sua gestão, especialmente no que diz respeito aos 3 000 milhões USD que estavam a cargo da Quantum Global, do suíço-angolano Jean-Claude de Morais, que foi recentemente constituído arguido pela PGR por suspeitas de gestão irregular e impedido de sair do país quando procurava viajar para a Europa.
O FSDEA foi criado em 2012 com um total de 5 000 milhões de dólares norte-americanos, oriundos das receitas petrolíferas do país, e com o objectivo central de "promover o crescimento, a prosperidade e o desenvolvimento socioeconómico em Angola" através de um conjunto de investimentos rentáveis e supervisionados ao abrigo de disposições internacionais aplicadas a este tipo de fundos.
Actualmente o FSDEA é liderado, desde o início do ano, por Carlos Alberto Lopes, que ocupou o lugar de PCA após a exoneração de José Filomeno dos Santos, filho do ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos.
No despacho assinado por João Lourenço, publicado em Diário da República, o Presidente do Conselho de Administração do FSDEA "é autorizado" a "praticar todos os actos decisórios de de aprovação tutelar no âmbitos do procedimento de contratação pública" da entidade que vai ser responsável pela auditoria.
No preâmbulo do Despacho Presidencial 64/18, João Lourenço diz que as demonstrações financeiras do FSDEA estão "sujeitas à auditoria externa de uma entidade independente, com vista à materialização do desiderato estipulado no Regulamento e na Política de Investimentos do Fundo Soberano de Angola".
Como o Novo Jornal Online noticiou, na passada semana Jean-Claude Bastos de Morais (na foto) foi impedido de sair de Angola, após ter sido ouvido e constituído arguido pela Procuradoria-Geral da República, tendo, como pano de fundo as múltiplas dúvidas sobre a forma como geriu os 3 000 milhões USD que tinha em carteira.
Também como o Novo Jornal Online noticiou, as autoridades das Maurícias congelaram várias contas onde Bastos de Morais tinha depositados centenas de milhões de dólares do FSDEA, no seguimento de contactos entre as autoridades dos dois países.