O teste falhado de um míssil balístico foi absorvido pela diplomacia, depois de os EUA terem dito que essa era a linha vermelha que separava o actual "status quo" de um ataque norte-americano à teimosia norte-coreana, mas foi mais um passo bélico em direcção a um conflito aberto, como lembrou Mike Pence na capital da Coreia do Sul, sublinhando que o teste tinha ocorrido de forma desafiadora quando este estava a chegar a Seul.
É certo que o esforço diplomático do Japão, pedindo que o diálogo prevaleça, e da Rússia, lembrando que os ataques unilaterais de carácter justiceiro são má política, pode ter tido um efeito de travão na vontade de Trump pressionar o gatilho, mas o contínuo tom de desafio de Pyongyang não augura nada de bom.
Deesta feita foi o diretor-geral de Organizações Internacionais da Coreia do Norte, Kim Chang-min, que, em declarações à agência de notícias espanhola, Efe, considerou o actual cenário "muito perigoso" e defendeu que está aberto o caminho para a guerra.
"A situação é extremamente perigoso e não se pode prever quando ficará totalmente fora de controlo e evoluir para uma guerra total", sublinhou Kim Chang-min.
Este alto responsável do regime norte-coreano acusou mesmo os EUA de estarem ansiosamente em busca de um pretexto para um ataque a Pyongyang por forma a forçar uma mudança de regime.
Precisamente aquilo que os analistas admitem como o limite para o campo das eventuais cedências do Presidente Kim Jong-un e a sua "entourage", que, naturalmente, vai preferir a guerra à humilhação da fuga e de, provavelmente, acabarem sentado num tribunal internacional devido aos comprovados crimes cometidos contra o seu povo.
Nas análises a esta perigosa situação emerge ainda a ideia de que o silêncio do lider norte-coreano até agora pode ser uma boa notícia e também que se Kim Jong-un se dirigir ao povo com um discurso agressivo sobre os EUA, isso poderá despoletar as coisas em direcção à guerra.
A China, igualmente pressionada por Washington para influenciar o regime de Kim Jong-un, devido à dependência comercial que a Coreia do Norte tem deste país, um dos muito escassos aliados que tem no mundo, já veio, mais uma vez, a terreiro defender que a calma prevaleça e que só a diplomacia poderá conduzir a uma solução longe das armas.
Para já, a China estancou o fluxo de cidadãos seus para a Coreia do Norte, suspendendo as viagens aéreas entre os dois países e as agências de viagens anularam as tradicionais excursões à Coreia do Norte; o Japão já divulgou que tem um plano pronto a ser accionado para retirar cidadãos da Península Coreana, nomeadamente da Coreia do Sul, e outros países já notificaram que alguns dos seus funcionários diplomáticos podem abandonar o país se as coisas apetarem ainda mais.