A investigação desenvolvida pelos cientistas da CDC, cujos resultados foram divulgados na revista especializada "Lancet Infectious Diseases", mostram que os tratamentos experimentais à base de Remdesivir e Zmapp "bloqueiam o crescimento da estirpe do vírus que causa o surto em células humanas em laboratório".
De acordo com um comunicado de imprensa da CDC, os resultados sugerem que "estes tratamentos são prometedores para permitir aos pacientes recuperar da doença letal", responsável pela morte de 1.606 pessoas na RDCC desde que em Agosto de 2018 foi declarada a recente epidemia, segundo um relatório do país africano.
Segundo as autoridades de saúde dos EUA, as investigações permitiram ainda constatar que são correctas as provas laboratoriais que se usam nas pessoas para identificar o actual surto de Ébola, que assola a RDC e os países vizinhos, baptizado pela comunidade científica de estirpe Ituri.
Estes testes foram desenvolvidos para identificar uma estirpe diferente do vírus, que se desenvolveu entre 2014 e 2016 na África ocidental.
Para desenvolver a sua investigação, e tendo em conta a falta de amostras obtidas junto de pacientes infectados com a estirpe Ituri, os cientistas da CDC "reconstruíram" em laboratório esta estirpe utilizando a técnica de "genética inversa" e sob o "mais elevado nível de biossegurança e segurança", de acordo com a agência federal.
"Ao ter acesso à estirpe do vírus, os especialistas dos laboratórios da CDC podem aprender mais sobre a estirpe Ituri e como se integra na árvore genealógica do vírus do Ébola, o que pode fornecer pistas para encontrar mais tratamentos prometedores" e testar novas terapias, sublinha a agência.
A reconstrução da estirpe do Ébola que assola a RDC vai permitir comparações com futuras novas estirpes e estudar as suas mutações no tempo.
A epidemia de Ébola que está a afectar a RDC causou 1.606 mortos desde que foi declarada em Agosto de 2018, segundo os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde.
Num relatório a que a agência de notícias espanhola EFE teve acesso, o ministério indica que a epidemia causou 1.606 mortos, 1.512 deram positivo em testes de laboratório e os restantes são considerados prováveis.
Até 03 de Julho foram registados um total de 2.382 casos de infecção, dos quais 2.288 foram confirmados em laboratório.
Entre estes casos, 128 são profissionais de saúde ligados ao combate à luta contra o surto, que já matou 40.
Segundo as autoridades da RDC, das pessoas infectadas pelo vírus, 666 sobreviveram à doença.
A RDC já foi atingida nove vezes pelo Ébola, depois da primeira manifestação do vírus no país africano em 1976.
Este último surto foi declarado em 01 de Agosto do ano passado nas províncias de Kivu Norte e Ituri.
No entanto, o controlo da epidemia tem sido prejudicado pela recusa de algumas comunidades ao tratamento e devido à insegurança na região onde actuam grupos armados e as milícias rebeldes que atacaram centros para tratamentos do Ébola.
De acordo com os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde, desde 08 de Agosto de 2018, quando começou a vacinação, mais de 155.500 pessoas foram inoculadas.
O vírus Ébola é transmitido através de contacto directo com o sangue e fluidos corporais contaminados, causa febre hemorrágica e pode atingir uma taxa de mortalidade de 90% se não for tratado a tempo.