A pandemia foi o primeiro tema do confronto, moderado pela jornalista da NBC News Kristen Welker, a quem Donald Trump tinha chamado "democrata radical de esquerda" antes do debate, e os dois candidatos ofereceram visões nitidamente contrastantes, tentando persuadir os poucos eleitores indecisos nestes 12 dias que faltam para a disputa eleitoral de 3 de Novembro.
"Quem quer que seja responsável por tantas mortes não deve permanecer Presidente dos Estados Unidos", disse Biden, sobre as mais de 220 mil vítimas do novo coronavírus no país, avisando que os Estados Unidos vão entrar num "inverno escuro".
"Estamos a aprender a viver com isso [o coronavírus]. Não temos escolha. Não podemos trancar-nos na cave, como Joe faz", disse Trump.
"Ele defende que estamos a aprender a viver com isso. Mas as pessoas estão é a aprender a morrer com isso", retorquiu Biden.
Trump, então, atirou as culpas da pandemia para a China: "Não é minha culpa que isso [o vírus] tenha chegado aqui. Nem é culpa do Joe. É culpa da China", disse.
Mas os ataques pessoais voltaram a estar em destaque neste debate em que a comissão eleitoral cortou o microfone de um candidato sempre que o outro respondia às questões.
Trump, que retratou Biden como um político de carreira cujo histórico de quase 50 anos não tem substância, repetiu as acusações de que Biden e o seu filho Hunter estiveram envolvidos em práticas anti-éticas na China e na Ucrânia, e Biden respondeu, garantindo que nunca recebeu dinheiro de entidades de fora dos Estados Unidos, conta-atacando: "O meu filho não fez dinheiro com a China. Ele é que fez", usando notícias que dão conta de que Trump manteve uma "conta secreta" na China.
Questionado pela moderadora Kristen Welker, Trump explicou que a sua conta bancária se deve ao seu histórico de homem de negócios e voltou a apontar baterias à família Biden, caracterizando-a como "um aspirador" que "limpa dinheiro" em todos os sítios por onde passa.
Biden ripostou, acusando Trump de tentar distrair os americanos.
"Há um motivo pelo qual ele está trazendo todos estes disparates", disse, enquanto olhava directamente para a câmara para retrucar e acusar Trump de evitar o pagamento de impostos, citando uma investigação do New York Times que relatou que as declarações de impostos de Trump mostram que ele quase não pagou imposto de renda federal durante mais de 20 anos.
Os candidatos discutiram sobre política externa, imigração e - após meses de protestos anti-racismo - relações raciais, com Biden dizendo que Trump foi "um dos presidentes mais racistas" da história.
"Ele atira combustível para cada fogueira racista", disse Biden.
Trump respondeu criticando a autoria de Biden de um projecto de lei criminal de 1994 que aumentou o encarceramento de réus de minorias, ao mesmo tempo em que afirmava que ele tinha feito mais pelos negros americanos do que qualquer presidente com a "possível" excepção de Abraham Lincoln durante a Guerra Civil dos Estados Unidos na década de 1860.
Já o candidato democrata aproveitou para deixar claro que será o presidente de todos os norte-americanos, dizendo que, ao contrário de Trump, não divide o país entre "estados azuis" e "estados vermelhos", em resposta às referências feitas pelo Presidente, candidato pelo partido republicano, aos estados e cidades democratas, criticando as suas respostas à covid, e usando uma linguagem de "nós" contra "eles".
Trump defendeu que Biden quer dar ao país é um aumento de impostos, o oposto do que ele fará.
"O sucesso vai unir-nos. Se ele for eleito, teremos uma depressão como nunca vimos antes", atirou Trump.
"Vou dar-vos esperança", prometeu Biden. Vocês sabem quem eu sou, vocês sabem quem ele é. Vocês sabem do carácter dele, vocês sabem do meu carácter [...]. O carácter do país está em jogo. Nosso carácter está em jogo. Olhe bem de perto" - respondeu Biden.
O último debate entre os dois candidatos à Casa Branca teve poucas interrupções e foi considerado pelos comentadores como mais aproximado dos debates políticos tradicionais nos Estados Unidos.
Joe Biden chegou ao palco da Universidade Belmont em Nashville, Tennessee, onde decorreu o frente-a-frente, com uma vantagem de cerca de 10 pontos na média das sondagens nacionais, segundo a plataforma FiveThirtyEight. O democrata tem 52,1% das intenções de voto contra 42,2% para Donald Trump. A eleição é a 03 de Novembro.