Donald Trump deixou claro para o que estava disponível logo na noite de ontem, terça-feira, 03 de Novembro, sobre o desfecho das eleições que vão definir quem será o 46º Presidente dos Estados Unidos da América: uma violenta e prolongada batalha judicial no Supremo.
Tendo começado com o pior momento deste período da democracia norte-americana, pouco tempo antes, com o ainda Presidente da maior potência económica e militar do planeta e a mais antiga democracia do mundo moderno a dizer que votos deveriam parar de ser contados, independentemente de o Tribunal Supremo ter permitido a contagem para lá do dia da votação.
A razão para esse pedido, considerado pela generalidade dos analistas como "descaido eperigoso", que Trump explicou perante centenas de convidados da sua festa da vitória na Casa Branca, assim: "Eu estou a ganhar e se os votos continuarem a ser contados é uma tremenda fraude, porque nós estávamos a preparar a comemoração da vitória e a festa foi interrompida".
Logo Joe Biden lhe respondeu, afirmando-se "calmo e tranquilo", sublinhando que os democratas estavam no "bom caminho" para ganhar o pleito e que "não é Donald Trump quem decide quem ganha, são os eleitores norte-americanos e os seus votos estão e vão continuar a ser contados".
O que mudou entretanto, foi que o início da noite eleitoral dava uma ligeira vantagem global a Trump, com os estados mais consolidados a não oferecerem surpresas nem reservas, mas com o passar das horas, as atenções dos media e das máquinas partidárias começaram a virar-se para os denominados "swing states", ou seja, os estados que balançam de eleição para eleição, e nos quais uma inaudita percentagem de votantes escolheu enviar o seu boletim de voto pelo correio ou votou antecipadamente em urna.
E foi com o início da contagem desses votos antecipados ou enviados pelo correio, mais de 105 milhões no país, que as coisas começaram a complicar-se para Donald Trump, como é o caso, entre outros, do Wisconsin, Michigan, Arizona, Pennsylvania ou mesmo a Georgia, onde os analistas acreditam que tudo será decidido.
Isto, porque, como se previa, os milhões de votantes pelo correio são, na sua grande maioria, eleitores democratas, o que, embora isso só vá ser consolidado com o passar das horas, vem dar razão às sondagens que quase sem excepção apontavam para uma vitória clara e inequívoca de Joe Biden.
Enquango Biden clama pela paciência dos seus eleitores, Trump insistia, ao longo do dia de hoje, na alusão a uma gigantesca fraude em curso, apesar de, como é normal em todas as eleições nos EUA, batalhões de advogados e observadores de um e do outro candidato, estarem a seguir boletim de voto a boletim de voto para não deixar espaço para a dúvida.
A única dúvida que já não existe é que os democratas mantiveram a câmara dos Representantes (baixa) no Congresso e o Senado (alta) está, como a Casa Branca, na corda bamba, mas a tender para os republicanos.
Todavia, estas eleições, mais que pela dúvida até ao último voto contado, terão sido históricas por causa da opção dos milhões de eleitores em enviar o seu voto pelo correio, ou em urna mas com dias e mesmo semanas de antecipação.
A dúvida é se foi o receio por causa da pandemia da Covid-19 que levou a essa situação, onde mais de 100 milhões votaram fora do dia das eleições, ou se se trata de uma qualquer outra razão, incluindo estratégica por parte dos democratas.
Isso e ainda o bolo e a cereja em conjunto, que é quem vai ser o 46º Presidente dos EUA, só se deverá saber nas próximas 24 a 48 horas... ou mais.