Joe Biden seguia à frente em número de votos garantidos no Colégio Eleitoral, onde o vencedor precisa de 270 grandes eleitores para ser declarado vencedor, com 227 contra 213 de Trump, pedia serenidade aos norte-americanos porque a disputa continuava renhida em alguns estados-chave como a Pennsylvania, o Wisconsin ou a Carolina do Norte, entre outros denominados "campos de batalha" eleitoral porque de eleição para eleição tendem a mudar de partido. Trump tinha a vantagem a essa hora de liderar a contagem de boletins nos estados decisivos.
Perante isto, perto das 09:30 de Luanda, o que sobressaia da noite eleitoral nos Estados Unidos da América é que o actual Presidente, o republicano Donald Trump, afirmava-se vencedor nos estados-chave que faltavam concluir a contagem dos votos e exigia a paragem dessa mesma contagem, enquanto Biden se afirmava tranquilamente a aguardar porque estava "no caminho da vitória".
A esta hora de Luanda, como sublinhavam os media norte-americanos, faltavam contar milhões de votos e nada estava decidido, mas uma coisa já é certa: as sondagens realizadas ao longo das últimas semanas estavam erradas, não houve nenhuma vaga avassaladora de votos nos democratas, como se previa. As sondagens apontavam para uma vantagem média de 10% para Joe Biden e mesmo que este ganhe, será por uma margem bastante mais reduzida.
A partir da Casa Branca, onde Donald Trump organizou uma "festa eleitoral" para acompanhar o debitar de resultados, o próprio, num discurso improvisado, foi sublinhando que os resultados são claros apesar de admitir que ainda há votos por contar nesses estados determinantes. E, ao mesmo tempo, ameaçava com uma batalha judicial nunca vista caso a sua vitória fosse posta em causa.
Lamentou que a festa da vitória que tinha preparada em todo o país tivesse sido interrompida pela decisão do Supremo de permitir a contagem dos votos para lá do dia das eleições durante mais três dias, até sexta-feira. Mas disse que estava convencido de já ter ganho.
Já Joe Biden disse que estava satisfeito com a sua posição, sublinhando que os milhões de votos enviados por correio e antecipadamente em urna, mais de 100 milhões no país, mas especialmente os referentes ao Minnesota, Georgia, Michigan, Wisconsin, Arizona, Pennsylvania, entre outros estados, que vão demorar a contar, deverão decidir tudo e que é preciso aguardar com "calma e tranquilidade".
Face a este cenário e com a possibilidade legal, apesar da forte pressão de Donald Trump, a exigir uma decisão, dirigida ao Supremo, de contar os votos nos próximos dias, o vencedor, tal como lembrou Biden, será decidido pelos eleitores norte-americanos e não por Donald Trump.
Recorde-se que o sistema eleitoral norte-americano permite situações que não ocorreriam na maior parte das democracias, desde logo um partido ou candidato ganhar as eleições com menos votos no país, como sucedeu em 2016, quando Hillary Clinton obteve mais 3 milhões de votos mas foi Trump o eleito no Colégio Eleitoral.
Isto, porque os estados votam para eleger os denominados grandes eleitores que constituem um Colégio Eleitoral no qual o vencedor é declarado no momento que soma 270 votos.
Os estados com mais eleitores normais elegem mais grandes eleitores para o Colégio Eleitoral, como são, por exemplo, a Califórnia ou Nova Iorque, o Texas ou a Florida...
Na esmagadora maioria dos estados, a diferença de resultados não deixa margem de manobra para que os votos que falta somar possam alterar o resultado final, mas há um conjunto de estados, com destaque para a Pennsylvania, o Arizona, o Ohio, a Carolina do Norte, o Wisconsin ou o Michigan, onde a diferença é pequena e pode ainda ser alterada com a soma dos votos por contar, que são os enviados por correio ou os votos presenciais em urna mas antecipados pelos eleitores, sendo essa uma outra das premissas peculiares do sistema eleitoral norte-americano.
Face a este cenário, e no caso de a decisão for renhida como promete, ao contrário do que as sondagens previam, que davam uma vantagem folgada a Joe Biden, o resultado poderá não ser conhecido antes da próxima semana - apesar dessa possibilidade ser limitada -, especialmente se Biden mostrar estar à frente e Trump optar por uma batalha judicial.
Mas é, segundo os analistas, possível que nas próximas 48 horas tido esteja já resolvido sem margem para dúvidas, especialmente se Trump confirmar a vitória em estados como a Pennsylvania ou o Wisconsin.