Já se sabia que a Coreia do Norte dificilmente poderia escapar ao recrudescer das sanções económicas depois de o Conselho de Segurança das Nações Unidas ter sido convocado para esse efeito pelos Estados Unidos da América, mas era escassa a informação sobre até onde a China, principal parceiro económico de Pyongyang, com direito de veto, deixaria ir o castigo.
Ficou-se agora a saber que o impacto das sanções decretadas pela ONU pode ser devastador para a já frágil economia da Coreia do Norte porque incide em mais de um terço das suas exportações de carvão, algum minério como o ferro e mariscos, no valor de mil milhões de dólares, pagos quase em exclusivo pela China.
E é por isso que o Presidente norte-coreano, Kim Jong-un, depois de aprovadas as sanções e depois de o Presidente dos EUA, Donald Trump, ter insistido na agressividade das sanções, veio a público fazer uma ameaça directa de despejar um "mar de fogo" sobre os Estados Unidos, o que, segundo os mais recentes testes a um míssil balístico lançado para o Mar do Japão, surge como possível, pelo menos nas cidades norte-americanas da costa mais exposta, a do Pacífico.
"O Conselho de Segurança das Nações Unidas acabou de votar 15-0 para sancionar a Coreia do Norte. China e Rússia votaram ao nosso lado. Impacto financeiro muito grande!", escreveu Trump no Twitter, gerando a resposta do seu homólogo Jong-un, que, segundo contas do inquilino da Casa Branca, ultrapassará os mil milhões USD.
Mar de fogo
O aviso, que já não é novidade, porque de cada vez que são aplicadas sanções à Coreia do Norte repetem-se as ameaças, veio da publicação oficial do regime de Pyongyang: "No dia que os Estados Unidos se atreverem a provocar a nossa nação com armas nucleares ou com sanções, o território norte-americano ficará submerso num inimaginável mar de fogo".
O diário avança anda com duras acusações aos EUA e aos seus aliados de terem uma persistente política de agressão para com a Coreia do Norte, isto, apesar de o seu maior aliado, a China, ter, desta vez, votado a favor das sanções por ter achado que Kim Jong-un foi longe de mais na ameça feita com o seu novo projéctil balístico com capacidade de chegar aos EUA.
Isto acontece porque segundo alguns analistas ouvidos pelas agências internacionais, Pequim sabe que, perante tamanha ameaça, os EUA não vão tolerar a existência do risco de ver aterra uma arma nuclear numa das suas cidades e o risco de se verem envolvidos num conflito devastador é agora demasiado sério para que valha a pena "amansar" Jong-un.
No entanto, para já, o Presidente norte-coreano não parece muito convencido e mandou publicar isto no diário oficial: "O empenho de Trump em manter esta situação só terá como consequência motivar mais o nosso exército e dar mais razões à República Popular Democrática da Coreia para ter armas nucleares".
E isto."A capacidade de empreender uma potente guerra dissuasora é uma escolha estratégica de defesa do povo" da Coreia do Norte.