O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já confirmou que foi por sua ordem que o ataque aéreo que matou um dos principais comandantes militares do Irão, em Bagdade, foi lançado, numa resposta aos graves incidentes que esta semana ocorreram junto à embaixada dos EUA na capital iraquiana.
Foi ainda morto no mesmo ataque outro importante oficial, o iraquiano Abu Mahdi al-Muhandis, comandante de uma milícia local apoiada por Teerão e que os EUA crêem ter estado por detrás dos ataques à embaixada norte-americana em Bagdade.
Este apisódio constitui uma das mais graves escaladas no já periclitante contexto militar no Médio Oriente, onde os EUA mantém o Irão sob fortes sanções e onde já por várias vezes o conflito entre Washington e Teerão esteve iminente.
Os EUA aconselharam à saída de todos os cidadãos nacionais da região, com especial enfoque no Iraque.
E foi neste contexto que o barril de petróleo Brent, vendido em Londres, onde é determinado o valor médio das exportações angolanas, subiu mais de três dólares em escassas horas, raiando os 70 dólares, valor que já não atingia desde os ataques, a 14 de Setembro, contra o complexo petrolífero da Arábia Saudita, que Riade e Washington acusam ter sido de autoria do Irão, embora estes tenham sido reivindicados pelos rebeldes iemenitas Outhis, que são apoiados por Teerão.
O valor por barril chegou aos 69,16 USD na abertura do mercado mas depois estabilizou em torno dos 68,40, preço que registava cerca das 09:25 de hoje em Londres.
Com as tensões nesta parte do mundo ao rubro, alguns analistas admitem já que o barril pode chegar facilmente aos 80 USD em Londres se não houver um refluxo nas hostilidades, visto que os ataques por milhares de populares à embaixada dos EUA em Bagdade já tinha sido uma reacção a um outro ataque aéreo norte-americano onde foram abatidos dezenas de milicianos de uma força iraquiana apoiada pelo Irão e que esteve, nos últimos anos, na linha da frente do combate aos jihadistas do "estado islâmico".
Para já, o líder religioso do Irão, aiatola Ali Khamenei, depois de decretar três dias de luto nacional pela morte de Qassem Soleimane, garantiu que o mundo vai assistir a uma "tremenda vingança" pela sua morte, o que deixa pouco espaço de manobra para evitar um confronto de maior envergadura, podendo mesmo chegar ao confronto aberto, o que terá fortes implicações em todo o Médio Oriente.
Recorde-se que o Iraque e o Irão são dois dos maiores produtores de crude da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e no Golfo Pérsico, mar que une estes países e ainda a Arábia Saudita, o maior exportador mundial da matéria-prima, transita diariamente mais de 20% de todo o petróleo consumido no mundo.
Mas, ao mesmo tempo, decorre em Washington outra frente de batalha que envolve Trump, que é o processo em curso para a sua destituição - Impeachment - que já passou na câmara dos Representantes, faltando agora passar no Senado. Trump está acusado de chantagear o Presidente da Ucrânia e obstaculizar a justiça.
A criação de uma cortina de fumo para este processo está igualmente a ser apontado como justificação para que o Presidente dos EUA tenha dado esta ordem, na mesma linha táctica quelevou, por exemplo, Bill Clinton a bombardear alvos além fronteiras quando estava com a questão do seu próprio impeachment em mãos por causa do "caso" Monica Lewinsky, com quem, provadamente, manteve sexo oral na Sala Oval da Casa Branca, em 1998, mas sob acusação de obstrução à justiça.
E ainda o efeito chinês...
Mas o valor do barril foi ainda impulsionado por notícias oriundas da China, depois de terem sido aligeiradas as tensões na guerra comercial com os Estados Unidos, onde o Governo de Pequim levantou as restrições impostas aos bancos quanto aos montantes em reserva obrigatórios.
Com esta decisão, o governo chinês libertou mais de 115 mil milhões de dólares, cerca de 800 mil milhões de yuan, para a economia de forma a combater os sinais de abrandamento económico que o país regista na sequência das sanções impostas por Washington, apesar de as duas maiores economias globais já terem anunciado terem entrado numa fase de tréguas.
Esta guerra comercial entre os dois gigantes económjcos planetários, que já dura há mais de dois anos, teve, e ainda tem, apesar de em decréscimo, consequências devastadoras para a economia global, afectando com particular severidade as economias nacionais dos países exportadores de petróleo, como é o caso da angolana.