Este pedido de inquérito pelo ACNUDH foi divulgado depois de terem sido feitas denúncias graves de execuções sumárias, captadas em vídeo, de alegados milicianos seguidores de Kamwina Nsapu, um chefe tradicional local que se sublevou contra as instituições congolesas no Kasai, desarmados, por parte de militares da FARDC.
A exigência de um inquérito sob responsabilidade da ONU é a única forma de contornar a desconfiança que existe sobre as garantias dadas pelo Departamento Geral de Auditorias das FARDC, bem como por membros do Governo de Joseph Kabila, de que os responsáveis pelas execuções sumárias vão ser julgados e condenados em caso de se provar as acusações.
Segundo o Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra "ad al-Hussein, a situação que se vive nas três províncias da RDC é de tal modo grave que, citado pela imprensa congolesa, "somente um inquérito internacional poderá clarificar esta situação" de forma a não deixar impunes estes alegados crimes.
Zeid Ra "ad al-Hussein emitiu um comunicado onde se congratula com as medidas tomadas pelo Governo congolês, nomeadamente a realização de inquéritos para apurar eventuais responsabilidades, mas adiantou, ainda assim que, devido à repetição de denúncias sobre a existência de novos casos de violência militar excessiva, o seu próprio gabinete vai monitorizar as investigações judiciárias em curso para garantir que a justiça será feita.
Recorde-se que em finais de 2016, milhares de milicianos apoiantes de Kamwina Nsapu, um chefe tribal que foi abatido pelas FARDC em Agosto, durante confrontos anteriores, invadiram o aeroporto de Kananga e destruíram dezenas de equipamentos públicos, tendo mesmo incendiado duas esquadras de polícia.
Foi a seguir a este episódio de violência protagonizado por milicianos de Kamwuina Nsapu que militares das FARDC ocuparam a região em perseguição a estes "rebeldes", tendo, alegadamente, abatido cerca de duas dezenas, com o momento das execuções sumárias a ser captado em vídeo, posteriormente divulgado nas redes sociais.