O acordo assinado a 31 de Dezembro, que substitui o falhado "entendimento" de Outubro de 2016, sob mediação da Conferência Episcopal da RDC, diz que é a oposição, liderada pelo histórico líder da UDPS (União Democrática para o Progresso Social), Etienne Tshisekedi, quem escolhe o nome do primeiro ministro a apresentar ao Presidente da República.
Ao fim de meses de tensão política, com múltiplos casos de violência nas ruas de Kinshasa, deixando centenas de mortos pelo caminho, gerada pelo prolongamento artificial do mandato de Kabila, que deveria ter terminado a 19 de Dezembro, os actores políticos do gigante africano não conseguem encontrar solução para este novo impasse.
Em causa está, como tem relatado a imprensa congolesa-democrática, a forma como o novo primeiro-ministro deve ser escolhido: o "rassemblement" da oposição quer indicar um único nome a Joseph Kabila, enquanto a MP faz finca-pé em que sejam disponibilizados cinco nomes para que o Presidente da República escolha um deles.
O porta-voz da Conferência Episcopal Nacional da RDC (CENCO), abade Donatien Nshole, explicou em conferência de imprensa que, para além da nomeação do primeiro-ministro, as negociações emperraram ainda na definição da composição do Conselho que deve ficar responsável pela vigilância do cumprimento do acordo alcançado no último dia de 2016.
Para já, o único entendimento que não é posto em causa é que o acordo, que mereceu elogios da generalidade da comunidade internacional, por ter aberto uma real possibilidade de transição pacífica, é que o Governo vai contar com quatro vice-primeiro-ministros e que, seja qual for a conclusão a que se chegue, o primeiro-ministro será sempre apontado pela oposição.
Para desbloquear a situação, segundo o abade Nshole, para o final da tarde de hoje, em Kinshasa, está marcada uma nova ronda de negociações e uma solução terá de estar forçosamente encontrada até ao próximo dia 28.
Recorde-se que todo este impasse teve início quando, em meados de 2016, se percebeu que as eleições agendadas para Novembro não teriam lugar alegadamente porque a comissão eleitoral não tinha meios para realizar o registo eleitoral.
Em Setembro e em Dezembro ocorreram sérios confrontos entre manifestantes que exigiam a saída de cena de Kabila, provocando várias dezenas de mortos.
Foi assinado um acordo em Outubro, mas os principais partidos da oposição ficaram de fora. O segundo acordo foi assinado já com os principais opositores ao regime de Kabila e tudo parecia encaminhado para que as eleições tivessem lugar em finais deste ano sem problemas de maior.