Também a União Africana emitiu um comunicado, assinado pelo Presidente da Comissão, Moussa Faki Mahamat, exigindo que o novo calendário eleitoral seja "escrupulosamente respeitado" e que as eleições gerais - presidenciais, legislativas e regionais - não sofram nem mais um dia de adiamento.
No entanto, internamente, as coisas parecem menos pacíficas, visto que, como o Novo Jornal Online noticiou, o líder da oposição na RDC, Félix Tshisekedi, lançou um veemente apelo ao povo para se "preparar para caçar" o Presidente Joseph Kabila depois de a comissão eleitoral ter divulgado o novo calendário eleitoral, tendo também o histórico opositor, Moise Katumbi (na foto), voltado a acusar o regime de só querer garantir por mais tempo a predação das riquezas do Congo.
Parecendo uma acção concertada, os EUA, cuja posição sobre a crise eleitoral na RDC tem sido dura face aos expedientes usados por Joseph Kabila e a sua Maioria Presidencial (MP) para protelar a realização das eleições, vêm agora admitir este novo calendário, embora com um sério aviso ao ainda Chefe de Estado, a quem dizem que deve sair de cena após as eleições para as quais não deve tentar forçar um esquema para se poder recandidatar.
Este aviso não deixar de ter em conta que em 2015, a MP de Kabila chegou a propor publicamente uma alteração constitucional para permitir uma terceira candidatura às eleições que deveriam ter tido lugar em Dezembro de 2016 mas que, por via de um acordo in extremis assinado a 31 de Dezembro desse ano, permitiu um adiamento para finais deste ano, que agora é novamente esticado por mais 12 meses.
A União Africana, que tem mantido um posicionamento que tendia para aguardar para ver a evolução da situação política na RDC, sem se comprometer claramente na luta interna, vem agora deixar claro que também não aceita que as eleições sejam novamente adiadas após Dezembro de 2018, abrindo uma excepção para aquela que tem sido afirmada como a sua "nova" intransigência face ao incumprimento do estipulado nas constituições dos Estados-membros para a realização de eleições.
No comunicado assinado por Moussa Faki Mahamat, a Comissão Africana, órgão executivo da UA, impõe o cumprimento deste novo calendário eleitoral sublinhando as "obrigações das instituições da RDC e actores implicados, incluindo os partidos, a sociedade civil e os dirigentes religiosos, a forjarem condições para cumprir escrupulosamente" a nova data.
O Preisdente da Comissão Africana sublinha ainda a exigência de que devem ser criadas todas as condições para a realização de eleições "transparentes e credíveis" como exige a Carta Africana e a regulamentação da União Africana.
Recorde-se que entre Janeiro de 2015, quando a MP de Kabila tentou uma alteração constitucional para poder recandidatar-se para um 3º mandato, que a Constituição limita a dois sucessivos, até Dezembro de 2016, morreram centenas de pessoas em confrontos com as forças de segurança resultantes de manifestações organizadas para exigir a realização de eleições.