Estamos a pouco mais de 20 dias do início dos jogos olímpicos e paraolímpicos em paris, os terceiros em França após as edições realizadas em 1900 e em 1924 e, no sábado passado, tivemos a sublime oportunidade de desfrutar e exercitar os mais nobres princípios e valores do olimpismo no Cazenga, por ocasião da visita da Embaixadora Sophie Albert ao formigueiro.

Diz, muito verdadeiramente, uma frase cunhada no mural da quadra desportiva do Clube Formigas do Cazenga que "a França apoia o crescimento das raparigas angolanas" e, de facto, as múltiplas realizações que têm sido alcançadas na componente social, desportiva, económica e educativa são absolutamente inequívocas, sendo o clube hoje um fonte de geração de empregos e renda para quinze pessoas, a via para a inclusão escolar de cerca de 50 estudantes bolseiros, a garantia para o acesso à uma biblioteca com cerca de mil e quinhentos livros, para além da possibilidade que dá a cerca de 250 crianças e jovens para aprenderem a prática de um a modalidade tão emblemática como é o basquetebol.
Todas estas realizações têm sido possíveis graças, sobretudo, a generosidade e a fraternidade de diversas instituições francesas em Angola, lideradas pela embaixada daquele país e acompanhadas por instituições públicas e privadas como a Total Energies, a Agência Francesa de Desenvolvimento, o Grupo Castel, a Telo Pay, a Tony Parker Academy, a Air France, entre outras, para com um projecto sócio-desportivo que tem como missão principal realizar acção social através do desporto. Esta, de facto, é a primeira entre as nossas prioridades.

O espírito olímpico resgatado pelo movimento liderado pelo Barão Pierre de Coubertin significa, essencialmente, aquilo que temos tido a oportunidade de vivenciar no dia-a-dia aqui no formigueiro nesta caminhada de mãos dadas com as instituições francesas, uma ocasião para comungarmos de coisas nobres como solidariedade, partilha, união, sonhos e visões de um futuro melhor para as crianças e jovens do Cazenga.

À boa maneira angolana, por debaixo da frondosa borracheira que temos aqui no quintal do formigueiro, uma árvore seguramente centenária, fizemos uma sentada em que as crianças e jovens foram, como sempre, o centro das atenções. Podemos ouvi-los e olhar para os seus rostos erguidos, cheios de esperança. Foi bom vê-los cantar, sorrir, a declamar poesia, enfim, depositando em nós, os mais velhos, uma total confiança na condução dos seus destinos. Esta é uma missão e, definitivamente, não podemos falhar.
Aqui no clube desenvolvemos uma iniciativa -social que visa a promoção de uma educação - cidadã através do desporto no seio da comunidade infanto-juvenil aqui do Cazenga.

Cada um dos cerca de 250 jovens, meninas e rapazes, ao frequentar este clube, quando entra para a quadra de jogos para se treinar não aprende apenas a driblar, a lançar, a correr, enfim, a jogar basquetebol, mas sim, aproveitamos esta oportunidade de tê-los no nosso seio para transmitir-lhes valores associados à boa cidadania, como o do trabalho árduo, do companheirismo, que a educação e o desporto andam de mãos dadas, da pontualidade, do trabalho em equipa, etc. Por esta razão, dizemos sempre que somos bem mais do que um clube desportivo, somos uma família que acredita que o desporto é uma escola de virtudes e uma poderosa ferramenta educativa.
Falo também da poderosa ferramenta de inserção académica e profissional, que este projecto representa para vários jovens aqui no clube que, pela acção directa da sua implementação têm tido a oportunidade de estudar ao nível universitário e médio e também a significativa possibilidade de conseguir os seus primeiros empregos e estágios profissionais, para além do aprendizado da língua francesa, uma ferramenta que lhes poderá ser útil para a vida inteira.

O que temos tido a oportunidade de viver com a implementação desta iniciativa francesa aqui no Cazenga tem nos levado a reflectir e a teorizar um pouco sobre a nobreza do desporto e a sua particular relevância nas sociedades actuais e chegamos à uma conclusão que estas crianças aqui do clube nos ensinam todos os dias, que com o desporto é possível construir uma cultura do encontro entre todos, sendo um poderoso veículo de fraternidade, um promotor do exercício de liberdades individuais e colectivas e uma ferramenta que garante uma igualmente plena entre nós, seres humanos do nosso tempo.
Dito isto, recordo nesta ocasião o lema de Revolução Francesa que o desporto também ajuda a concretizar no mundo inteiro, pois é de facto um promotor da liberdade, da igualdade e da fraternidade entre os povos.