"Queremos dar a Angola um novo rumo, uma nova vida, para que seja possível colocar o país no rumo do desenvolvimento e de uma nova vida", afirmou Isaías Samakuva logo nas primeiras palavras da sua intervenção no Cazenga, perto da Filda.
O candidato do partido do "Galo Negro" garantiu, perante um mar de gente que desde as primeiras horas da manhã de hoje se concentrou no local para assistir à derradeira iniciativa política da segunda maior força política angolana, que "aqueles que acham que "podem continuar a governar mantendo o povo no sofrimento, vão dar-se mal".
Continuando a criticar a governação do MPLA de mais de quatro décadas, Samakuva reafirmou a "mudança de regime" como um "dever patriótico", porque essa é a única forma de "garantir um novo rumo, uma nova vida" fora do "longo sofrimento" provocado pelo governo do MPLA.
Neste comício, o candidato da UNITA aproveitou ainda para desmentir aquilo que chamou "rumores lançados pelo MPLA" que dizem que o partido do "Galo Negro" quer regressar à guerra e que se prepara para despedir todos os funcionários públicos em caso de vitória eleitoral.
"Ninguém mais quer guerra em Angola, a UNITA vai construir um Governo inclusivo e para todos os angolanos", disse Samakuva, acrescentando que o seu partido "é pela paz" e como prova disso mesmo, prometeu "resolver os problemas das Forças Armadas Angolanas, da Polícia Nacional e das Forças de Segurança" porque entende que "todos ganham mal".
Esta intervenção, a última de Isaías Samakuva, não foitransmitida pelas televisões, a pública TPA e a privada Zimbo, que estiveram a cobrir em directo, durante a manhã e ao longo de várias horas, uma passeata realizada pelo candidato do MPLA.
O candidato da UNITA para ocupar o ncargo que José Eduardo dos Santos vai deixar vago após as eleições de 23 de Agosto, disse aos muitos milhares de angolanos presentes nos terrenos adjacentes da antiga Filda que esta campanha e pré-campanha eleitoral lhe permitiu constatar a miséria em que o povo vive.
Explicando que palmilhou o país todo, Samakuva adiantou que viu "muita miséria" em contraste com aquilo que é retratado nas emissões da televisão e da rádio nacionais, falando de "crianças malnutridas", de "mais velhos sem esperança" no futuro.
Tudo para justificar a ideia do "dever patriótico" que é, no seu entender, "afastar o MPLA" do Governo de Angola, apelando mesmo ao voto no "Galo Negro" daqueles que sendo do MPLA, sentem na pele as consequências da má governação do partido que dirige os destinos do país desde 1975.
O Presidente da UNITA disse ainda que foram encontradas urnas contendo votos no MPLA na província do Bié.
"Foram encontrados votos a favor do MPLA numa casa abandonada na província do Bié, cidade do Kuito. Só apareceram porque a UNITA fez pressão sobre o caso", acrescentou Samakuva.
Sobre o derradeiro comício desta campanha eleitoral, afirmou: "O que vejo aqui dá-me plena confiança de que a UNITA já venceu".
E acusou a Televisão Pública de Angola (TPA), "que devia ser pública", de "não mostrar a verdade e estar mais preocupada em cuidar de imagem de João Lourenço e do partido MPLA".
"Isso vai mudar se a UNITA vencer às eleições, seremos imparciais e não haverá distinção de ninguém", prometeu.
O líder da UNITA lamentou que 95 por cento da juventude angolana esteja desempregada e prometeu que caso a sua formação política vença as eleições o cenário será outro.
"Hoje o nosso país está dividido. Nós queremos que o Governo que estiver no poder, seja o Governo dos angolanos. Vamos acabar com os abusos daqueles que pedem cartão do partido para empregar certos cidadãos", frisou, admitindo que o país não está em crise económica.
"Eles só estão a falar da crise económica mas na realidade o nosso país esta atravessar crises profundas na economia, na política, na educação, na cultura e de corrupção", acrescentou.