O dirigente do "Galo Negro" enfatiza, todavia, que uma decisão dessa natureza - deixar vagos os 51 lugares de deputados eleitos nas eleições gerais - terá sempre de ser tomada pelas estruturas de direcção da UNITA, o que ainda não está em cima da mesa.
"O processo eleitoral foi eivado de muitas irregularidades. Por isso, se o Tribunal Constitucional indeferir o recurso, caberá aos órgãos superiores do partido decidir", notou.
Alcides Sakala coloca esta hipótese no sentido em que a UNITA não está disponível para conferir legitimidade a instituições que emanam de eleições eivadas de irregularidades, o que compreende ainda a questão da presença da sua direcção na cerimónia de tomada de posse do Presidente da República eleito, João Lourenço, como este convidou no seu discurso feito após a divulgação dos resultados definitivos onde o MPLA somou 61,07 % dos votos.
E não descartou a possibilidade de o seu partido voltar às ruas em manifestação para exigir à Comissão Nacional Eleitoral (CNE) transparência na divulgação dos resultados.
"Os angolanos em geral e os militantes em particular estão tristes com as manobras da CNE, que sempre favoreceram o partido no poder", acusou Sakala, acrescentando: "Apresentamos argumentos convincentes. Espero que este órgão (o Tribunal Constitucional) faça um trabalho exemplar".
A UNITA aguarda para breve a divulgação do acórdão do Tribunal Constitucional sobre o processo de impugnação apresentado depois de divulgados os resultados definitivos por parte da CNE.
Recorde-se que o TC já chumbou os recursos do PRS, da FNLA e CASA-CE tendo, sobre o primeiro, feito o encaminhamento do processo para o Ministério Público por suspeita de falsificação de documentos.
A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) divulgou na semana passada, os resultados definitivos das eleições gerais de 23 de Agosto confirmando a vitória folgada do MPLA e do seu candidato a Presidente da República, João Lourenço, com 61,07%, o equivalente a 4 164 157 votos, elegendo 150 deputados, o que lhe confere uma maioria qualificada na Assembleia Nacional.
A UNITA e o seu candidato à Presidência da República, Isaías Samakuva, ficou em segundo lugar com 26, 67 por cento, o que corresponde a 51 deputados.
Em terceiro ficou a CASA-CE, que propunha Abel Chivukuvuku para a chefia do Estado, com 9, 44 por cento, e 16 deputados.
Segue-se o PRS, com 1, 35 por cento, com dois deputados eleitos, a FNLA com 0, 83 e um deputado eleito.