Raul Danda, que assume na UNITA a personagem de primeiro-ministro-sombra, lembrou neste debate que se a exigência de imparcialidade sobre os órgãos de comunicação social deve ser direccionada a todos, aos estatais ou sob a esfera do Estado, essa exigência deve ser redobrada porque "vivem e subsistem com recursos de todos".

"Quem administra estes órgãos de comunicação social não pode pensar que é dono ou senhor absoluto dos seus destinos, transformando-os em máquinas de propaganda pouco velada ou decidir quem e quando ou em que proporção se pode ter intervenção neste ou naquele órgão", disse.

O deputado do "Galo Negro", para sublinhar a forma parcial como entende serem geridos os media públicos, deu o exemplo da visita, esta semana, do presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, às famílias vítimas das chuvas, em Luanda, onde a Televisão Pública de Angola (TPA) esteve e "filmou tudo" mas que "nada passou nos seus serviços informativos" quando as iniciativas do MPLA são "todas" tidas em conta, sejam estas anunciadas antecipadamente ou não.

Apontando o dedo a quem "dá estas ordens superiores", Raul Danda aproveitou para afirmar ser um erro crasso, quando se pretende construir uma democracia funcional, permitir a concentração de tantos media nas mãos do Estado, referindo-se à passagem da TV Zimbo, Rádio Mais e jornal O País para a esfera do Estado, que já detém a RN>, a TPA, o Jornal de Angola e a Angop.

Por seu lado, o deputado do MPLA, João Pinto, optou por responder lembrando que a UNITA tem os seus media, como a Rádio Despertar, a TV Raiar ou as páginas do Facebook, mas é a TPA que está a emitir em directo - a TPA 2 - este debate onde o maior partido da oposição critica o Governo e o MPLA.

João Pinto disse ainda que para a UNITA, atacar e desacreditar o MPLA, criticar o Governo, está sempre bem, mas quando é ao contrário, isso já é colocar em causa a democracia.

E depois, numa declaração que se debruçou sobre a questão de forma mais lata, o deputado do MPLA defendeu que a TPA deveria fazer um programa sob uma perspectiva histórica para que se percebesse como evoluíram as instituições em Angola, numa alusão ao período pós-guerra, onde o vencedor permitiu à UNITA evoluir nesta nova fase do País que tanto crítica.

Este debate, recorde-se, foi realizado na sessão plenário que hoje teve lugar e ocorreu por iniciativa da UNITA que contou com a concordância do MPLA para o efeito, sendo que, com a sua maioria absoluta, poderia tê-lo impedido.