O valor mais alto deste ajuste directo (1,8 mil milhões de kwanzas) é para execução de serviços de manutenção e preservação das infra-estruturas existentes no Terminal Oceânico da Barra do Dande, enquanto o restante (496 mil milhões kz) servirá para a realização de estudos de viabilidade económica e financeira do projecto.
A justificação contida no decreto presidencial 177/20 para o procedimento de contratação simplificada em função do critério material é "por motivos de urgência imperiosa", tendo em conta "a necessidade urgente de dotar o País de infra-estruturas em terra para o armazenamento de produtos derivados do petróleo para atender às necessidades de consumo nacional, criação de reservas estratégicas, e segurança de produtos refinados", bem como "optimizar a eficiência da logística nacional de distribuição dos citados produtos e potencializar o País como um hub regional de armazenamento de derivados do petróleo".
O Chefe de Estado delega competência no presidente do Conselho de Administração da Sonangol para a aprovação das peças do procedimento, verificação da validade e legalidade de todos os actos praticados, adjudicação das propostas para a celebração dos contratos, incluindo a sua assinatura.
No princípio de Dezembro, o Presidente adjudicou, por 700 milhões de dólares, as obras de conclusão do Terminal Oceânico da Barra do Dande, ou seja, por cerca de metade do valor previsto no contrato adjudicado por José Eduardo dos Santos a uma empresa da sua filha Isabel (1.500 milhões de dólares), logo após as eleições gerais, num decreto depois revogado por João Lourenço.
Mas o procedimento foi também por ajuste directo pelo critério material. Isto apesar das criticas feitas pelo actual Presidente ao seu antecessor, que acusou de entregar "de bandeja" um projecto "de tão grande dimensão" a um empresário "sem concurso público".
No decreto presidencial 173/20, o Presidente autoriza a despesa e a abertura de procedimentos de contratação simplificada, pelo critério material, para a adjudicação dos contratos de empreitada de construção do parque de Armazenagem de produtos refinados - Unidade 100 & Doca de Atracação de Navios - Unidade 700, e respectivo financiamento do projecto, no valor global 434 mil milhões de kwanzas (700 milhões de dólares), e de aquisição de serviços de fiscalização da empreitada de construção, no valor global 30 mil milhões kz (49 milhões USD).
O procedimento de contratação simplificada é justificado "por motivos de urgência imperiosa" para "dotar o País de infra-estruturas em terra para o armazenamento de produtos refinados de petróleo para atender às necessidades de consumo nacional, criação de reservas estratégicas e de segurança de produtos refinados, optimizar a eficiência da logística nacional de distribuição dos citados produtos e potencializar o País como um hub regional de armazenamento de derivados de petróleo".
O Chefe de Estado delega no presidente do Conselho de Administração da Sonangol a competência para praticar todos os actos decisórios e de aprovação das peças do procedimento contratual, verificação da validade e legalidade.
O projecto do porto da Barra do Dande esteve entregue à Atlantic Ventures, empresa detida por Isabel dos Santos, mas o Presidente João Lourenço revogou o decreto assinado pelo anterior chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, que aprovou a adjudicação por 1.500 milhões de dólares já depois das eleições gerais de 2017.
O despacho criava uma comissão de avaliação do procedimento coordenada pelo director geral do Instituto Marítimo e Portuário de Angola, Victor Alexandre de Carvalho e integrada pelo assessor principal do gabinete jurídico do Ministério dos Transportes, Raul Campos, bem como um representante do Ministério das Finanças e da Construção e Obras Públicas.
O Presidente da República, João Lourenço, num dos seus discursos havia criticado a forma como foi atribuída a construção do novo Porto da Barra do Dande.
"Vamos procurar rever todo o processo no sentido de, enquanto é tempo, e porque o projecto não começou ainda a ser executado, corrigirmos aquilo que nos parece ferir a transparência, na medida em que um projecto de tão grande dimensão quanto este, que envolve biliões, com garantia soberana do Estado, não pode ser entregue de bandeja, como se diz, a um empresário, sem concurso público", disse João Lourenço.
A empresa garantia que a ruptura foi "infundada", contestando a alegação, apresentada pelo Presidente da República, de que a empreitada deveria ter sido sujeita a um concurso público.
A firma detida por Isabel dos Santos sublinhava ainda que a ruptura do compromisso implicava "uma perda de credibilidade de Angola nos mercados internacionais e uma maior dificuldade em encontrar soluções de financiamento mais sofisticadas e menos pesadas para o Tesouro público, no que se refere a grandes projectos".
Em causa, apontava o comunicado, está o facto de o projecto ter sido estruturado com base num modelo recomendado pelo Banco Mundial, "que mobilizou financiamentos junto da banca nacional e internacional para, sem recorrer ao Orçamento Geral do Estado, suportar um investimento de longo prazo, assegurado por privados, para a construção de infra-estruturas".