Na sequência do reforço das acções de patrulhamento para combater a extracção ilegal de madeira e inertes, implementado pelo Ministério do Ambiente, a Unidade Contra Crimes Ambientais interceptou no último domingo, em Catete, 300 toneladas de madeira transportada ilegalmente, numa operação que conduziu também à detenção de pelo menos cinco cidadãos chineses e vietnamitas.
O carregamento, distribuído por 21 camiões, era proveniente do Kuando Kubango, avançou ao Novo Jornal Online fonte da Comissão Interministerial Contra Crimes Ambientais relacionados à Fauna e Flora Selvagem, que integra os ministérios da Agricultura, Comunicação Social, Pescas, Transportes, Petróleos, Finanças, Defesa e Interior.
Segundo a mesma fonte, apesar de madeira ter sido apreendida com a documentação exigida, a mesma não é admissível por ter sido obtida fora do período de exploração estabelecido pelo Ministério da Agricultura.
O prazo em causa iniciou-se em Maio e terminou no passado 30 de Setembro, data a partir da qual é proibido o transporte de madeira, a menos que se comprove que não foi possível escoar o produto atempadamente, ainda que tenha sido cortado no período estipulado.
"O mais grave nesta apreensão é que torna evidente o envolvimento de altos quadros do Ministério da Agricultura - através do Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF) - e dos governos provinciais", acusa a fonte da Comissão Interministerial Contra Crimes Ambientais, que pediu para não ser identificada.
No centro das suspeitas está o facto de a madeira interceptada estar acompanhada de guias autênticas, concedidas pelo IDF, sem questionamento dos serviços provinciais, já depois da data-limite fixada pelo Executivo.
"Se existe uma circular do Ministério da Agricultura que impõe o dia 30 de Setembro para fim da exploração da madeira, como é que o IDF valida a carga com data de Outubro e como é que a mesma sai do Kuando Kubango e chega até Catete sem controlo?", questiona a fonte, alertando para a actuação de uma rede de crime organizado no país.
"A partir do momento em que temos altos funcionários governamentais envolvidos temos de falar de crime organizado", sublinha a fonte, lembrando que se nada for feito para inverter o ritmo acelerado de desmatamento do país, Angola ficará sem floresta nos próximos cinco anos.