Angola contabiliza 14,1 milhões de pessoas em idade activa e 9,1 milhões de postos de trabalho criados. Desses, 5,5 milhões são trabalhadores independentes ou não remunerados e 2,8 milhões trabalham no sector privado e público (20% privado e 11% no público), realça o relatório do Banco Mundial (BM) apresentado esta quarta-feira em Luanda.
O documento "Oportunidades, Desafios e Orientação de Políticas Públicas" realça igualmente que a maioria dos 3,5 milhões de novos empregos são de baixa qualidade. Na última década, segundo o estudo, foram criados "2,7 milhões de empregos nos sectores da agricultura e comércio de baixa qualidade".
O documento, elaborado com o apoio do Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFOP) angolano, ressalta que a "população jovem no país não está a ser suficientemente absorvida pela força de trabalho", o que "ameaça a estabilidade económica e social futura de Angola".
O relatório alerta ainda para o facto de os "principais motores" do crescimento do emprego no país registarem um "fraco desempenho" a nível macroeconómico, da empresa, dos trabalhadores, da vulnerabilidade e político.
A nível macroeconómico, "o crescimento económico é em grande parte impulsionado pelo número de trabalhadores" e "deve ser impulsionado pela produtividade, gerada por trabalhadores mais qualificados e pela tecnologia".
Segundo o relatório, 32% dos adultos e 57% dos jovens concluíram o ensino secundário, "mas 83% dos desempregados são jovens", sendo que 96% dos jovens "são economicamente vulneráveis e não estão preparados para empregos de qualidade".
Os jovens que ultrapassam as barreiras sociais "são mais empregáveis", salienta o documento.
Angola precisa, segundo o BM, de uma estratégia de emprego multissetorial que equilibre as políticas para resultados a curto e longo prazo, bem como de assegurar a solidez das políticas fiscais, monetárias e cambiais, aumentar a produtividade e crescimento estável e reforçar as instituições do mercado de trabalho, no sentido de aliviar constrangimentos estruturais a longo prazo.
O relatório elaborado pelo Banco Mundial propõe igualmente políticas a curto prazo para apoiar aumentos de produtividade para trabalho por conta própria, melhorar as aptidões laborais relevantes dos jovens vulneráveis e facilitar a transição do jovem para o emprego e aumento da produtividade.
Políticas com impactos a curto prazo podem ser implementadas no actual contexto económico e empresarial, ajudando os trabalhadores a criar capacidade e a ligar-se a melhores oportunidades de emprego e ganhos, através de trabalho assalariado ou das suas próprias empresas, recomenda-se no relatório.