"Acho não ser necessário este tribunal ouvir as declarações destas figuras do Estado, porque nós, defesa do réu Valter Filipe, entendemos que tudo o que queríamos que eles confirmassem, já o declarante Archer Mangueira, na qualidade de então ministro das Finanças, confirmou", disse o advogado Sérgio Raimundo, que queria ouvir explicações se o seu constituinte teve ou não encontro com essas pessoas e falou sobre a transferência dos 500 milhões de dólares para o Credit Suisse de Londres, em 2017.
Dos nove declarantes que solicitou, dois já foram ouvidos.
Sérgio Raimundo explicou que, no caso do Presidente da República João Lourenço, o tribunal teria que se descolar até à sua residência, ou então enviar um questionário com as perguntas que se pretendia.
O advogado salientou, no entanto, que continua à espera das respostas do questionário que o tribunal enviou ao Ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, para que ele confirme se terá autorizado ou não Valter Filipe a efectuar a transferência dos 500 milhões de dólares para Londres.
Na sessão desta quarta-feira, 22, o tribunal ouviu a declarante Marta Barroso Paixão, directora do Departamento de Operações Bancárias do BNA, que disse ao tribunal que recebeu ordens do réu António Bule, antigo chefe do Departamento de Gestão das Reservas do BNA, para efectuar a operação dos valores.
A declarante disse ainda que achou normal a realização dessa transferência, visto que o seu departamento fazia muitas das vezes operações de montantes elevados, mesmo que nunca de 500 milhões de dólares, como foi o caso dos que foram transferidos para Londres.
Questionada porque é que a operação não teve registo, Marta Barroso Paixão, não soube responder.
A sessão de discussão e julgamento prossegue esta quinta-feira, com interrogatório de outros declarantes