Numa circular com data de segunda-feira, 09, a que o Novo Jornal teve acesso, assinada pelo ministro Manuel Augusto, a rede diplomática nacional é informada em três pontos das novas regras enquanto durar o risco de a epidemia atravessar as fronteiras nacionais.
O texto começa por explicar que estas medidas foram definidas a partir do despacho do Ministério da Saúde sobre a reacção definida pelo Executivo, no âmbito da sua comissão interministerial, para lidar, de forma preventiva, com a epidemia de Covid-19, bem como a especial exposição que a ela estão sujeitos os diplomatas devido à natureza da sua actividade.
No ponto 1, a Direcção do MIREX informa que ficam restringidos os movimentos para o exterior dos directores dos órgãos executivos centrais e os restantes funcionários "para reuniões no quadro multilateral", embora possam ser emitidas autorizações pontuais pelo ministro Manuel Augusto.
De seguida, no segundo ponto, esta circular suspende "todas as deslocações em serviço" dos chefes das missões diplomáticas e consulares bem como o restante pessoal "no quadro multilateral, bilateral e para Angola".
Por fim, no terceiro ponto, são revogados "todos os pedidos autorizados para deslocação ao país", abrindo apenas excepção para as deslocações dos agentes diplomáticos que regressam após o termo das suas comissões de serviço.
Recorde-se que em Angola ainda não foi registado qualquer caso da epidemia que desde Dezembro do ano passado, depois de detectado na cidade chinesa de Wuhan, já fez, em todo o mundo, mais de 100 mil vítimas, entre estas mais de 4.000 mortes.
Covid-19 em África e no mundo - Medidas severas em Itália
Mas no continente africano somam-se países ao mapa dos casos registados com dezenas de contágios confirmados, desde Marrocos, no norte, até à África do Sul, no extremo sul do continente, onde nas últimas horas foram anunciados três casos de infecção por Covid-19.
No resto do mundo, depois da China, onde a epidemia teve início, em Dezembro, na cidade de Wuhan, é em Itália que o problema é mais agudo, com o maior crescimento no número de casos e de fatalidades - mais de 6 mil casos e mais de 240 mortes.
O Governo de Roma acaba mesmo de anunciar que a quarentena a que estava sujeita a região da Lombardia, no norte, com 16 milhões de habitantes, é alagada a todo o país, o que impõe severas restrições de movimento a 60 milhões de habitantes deste país europeu, a medida mais severa em todo o mundo depois do que sucedeu na China.
Em Portugal, o país onde estão confirmados casos e com maior número de voos diários para Angola, foram anunciados 31 infectados entre dezenas de suspeitos, e o próprio Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, optou por uma quarentena auto-imposta, desmarcando toda a agenda por duas semanas, anunciando ainda que se submeteu voluntariamente à despistagem laboratorial do novo coronavírus.
O vírus, o que é e o que fazer, sintomas
Estes vírus pertencem a uma família viral específica, a Coronaviridae, conhecida desde os anos de 1960, e afecta tanto humanos como animais, tendo sido responsável por duas pandemias de elevada gravidade, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), transmitida de dromedários para humanos, e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), transmitida de felinos para humanos, com início na China.
Inicialmente, esta doença era apenas transmitida de animais para humanos mas, com os vários surtos, alguns de pequena escala, este quadro evoluiu para um em que a transmissão ocorre de humano para humano, o que faz deste vírus muito mais perigoso, sendo um espirro, gotas de saliva, por mais minúsculas que sejam, ou tosse de indivíduos infectados o suficiente para uma contaminação.
Os sintomas associados a esta doença passam por febres altas, dificuldades em respirar, tosse, dores de garganta, o que faz deste quadro muito similar ao de uma gripe comum, podendo, no entanto, evoluir para formas graves de pneumonia e, nalguns casos, letais, especialmente em idosos, pessoas com o sistema imunitário fragilizado, doentes crónicos, etc.
O período de incubação médio é de 14 dias e durante o qual o vírus, ao contrário do que sucedeu com os outros surtos, tem a capacidade de transmissão durante a incubação, quando os indivíduos não apresentam sintomas, logo de mais complexo controlo.
A melhor forma de evitar este vírus, segundo os especialistas é não frequentar áreas de risco com muitas pessoas, não ir para espaços fechados e sem ventilação, usar máscara sanitária, lavar com frequência as mãos com desinfectante adequado, ou sabão, cobrir a boca e o nariz quando espirrar ou tossir, evitar o contacto com pessoas suspeitas de estarem infectadas.