"Surpreendido por saber da campanha do Governo dos Estados Unidos contra a liderança da Organização Mundial de Saúde", escreveu Moussa Faki Mahamat, na sua conta na rede social Twitter, acrescentando que a União Africana "apoia totalmente" a organização e o seu director-geral, o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, criticou, na terça-feira, a gestão que a OMS está a fazer da pandemia da covid-19, acusando a organização de ser "muito favorável à China".
Neste contexto, ameaçou suspender o financiamento àquela agência das Nações Unidas para a Saúde, da qual os Estados Unidos são o principal financiador.
"Não digo que o vá fazer, mas vamos analisar essa possibilidade", disse.
Trump criticou nomeadamente a decisão da OMS de se pronunciar contra o encerramento de fronteiras a pessoas provenientes da China no início da pandemia.
Na sua mensagem no Twitter, o presidente da comissão da União Africana pediu mais cooperação internacional para enfrentar a ameaça do novo coronavírus.
"O foco deve continuar em combater colectivamente a covid-19 como comunidade global unida. O tempo para a responsabilização chegará depois", disse.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou cerca de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 80 mil.
Estados Unidos acusam china de falsear dados
Os Estados Unidos concluíram que a China falseou os dados sobre a severidade do novo coronavírus, indica um relatório dos serviços de inteligência norte-americanos divulgado esta quarta-feira a vários senadores.
A agência Bloomberg aludiu hoje sobre o relatório confidencial que foi entregue na semana passada à Casa Branca.
Os serviços de inteligência norte-americanos estimam que o número de mortes e casos de infecção divulgados por Pequim sejam falsos, intencionalmente abaixo face à realidade da pandemia naquele país.
"O Partido Comunista Chinês mentiu e continuará a mentir sobre o coronavírus para proteger o regime", disse o senador republicano Ben Sasse.
"Os serviços de inteligência norte-americanos confirmaram agora o que já sabíamos: a China esconde a severidade deste vírus há meses", acrescentou o seu colega no Senado William Timmons. "O mundo agora está a pagar por esses erros (da China)".
Michael McCaul, senador republicano do Comité de Relações Externas da Câmara, observou, com base no relatório, que as autoridades chinesas "esconderam o verdadeiro número de pessoas infectadas com a doença".
A administração de Donald Trump, nomeadamente pelo secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, criticou duramente a China nas últimas semanas, dizendo que houve falta transparência de Pequim sobre os contornos da pandemia, que agora se propaga pelo mundo.
Até agora, a administração Trump não tinha acusado Pequim de forma tão clara de ter falseado o balanço e os efeitos da pandemia.
Terça-feira, o coordenador da unidade de crise criada pela Casa Branca para combater a pandemia corroborou a tese de que os números fornecidos pela China sobre a pandemia pecavam por defeito.
"A comunidade médica interpretou os números chineses como sendo graves, mas não tão graves como deveriam ter sido porque não tinha uma quantidade significativa de dados (de Pequim) ", comentou Deborah Birx, da unidade de crise.
A China, onde o primeiro paciente foi oficialmente detectado em Dezembro, registou 3.312 mortos e 81.554 casos de infecção, segundo dados divulgados.
A pandemia com mais capacidade de dispersão pelos cinco continentes já fez mais de 1,4 milhões de infecções, 82 mil mortes, com o foco em países como os Estados Unidos, que lideram de longe a lista de casos, com 400 mil, entre estes 12.900 mortos, 2 mil nas últimas 24 horas, o maior número registado de sempre em todo o mundo em apenas um dia, a Itália, Espanha, França ou Alemanha, sendo a China, com 83 mil o 6º mais afectado, apesar de ter sido ali que tudo começou.
Enquanto África, apesar de em patologias graves, como a malária, entre outras, liderar o mundo, neste caso é onde a Covid-19 menos se implantou, sendo a África do Sul o país com mais casos, cerca de 1800, com 13 mortos, enquanto Angola, que está na cauda da tabela no continente, tem já 17 casos registados, com duas mortes assacadas ao novo coronavírus.