O director do gabinete de comunicação institucional e imprensa do SIC, Manuel Halaiwa, explicou ao Novo Jornal que a detenção dos indivíduos deu-se por estes desenvolverem uma actividade económica ilegal em Angola.
As buscas pelos cidadãos estrangeiros que têm desenvolvido esta actividade no País continuam e, desta vez, o SIC esteve no bairro da Cerâmica II, município de Cacuaco, onde foram encontrados em flagrante delito três vietnamitas, no interior de uma fazenda, a gerar criptomoedas através de equipamento informático sofisticado e alimentado por fontes de energia irregulares.
O porta-voz do SIC disse que, "nos trabalhos preliminaress até agora, apurou-se que os acusados, para consumação das suas acções, arrendam sempre lugares com uma grande dimensão, como fazenda e fábricas, para ocultar os equipamentos de mineração de criptomoedas".
No caso de Cacuaco, Manuel Halaiwa disse ainda que "os vietnamitas que se instalaram numa fazenda, adquiriram dois postos de transformação (PT) de energia eléctrica, ligados a uma rede pública de distribuição aos consumidores daquela localidade e com os meios próprios manuseavam os materiais, interligados em dois pavilhões.
O SIC acrescenta que " os homens tinham os equipamentos eléctricos em processadores de alta potência e em computadores com programas devidamente instalados, onde lhes facilitava realizar e controlar as transacções" das moedas digitais que produziam.
Durante esta operação, foram apreendidas um total de 1.192 máquinas de mineração, dois postos de transformação de energia eléctrica e diversos cabos eléctricos de média tensão.
Os vietnamitas estão detidos e serão encaminhados para o Ministério Público.
De acordo com o SIC, a detenção destes cidadãos de nacionalidade chinesa e vietnamita por mineração de criptomoedas, como o Novo Jornal tem vindo a noticiar (ver aqui e aqui), decorre da prática de uma actividade ilícita no País e vão responder pelos crimes de exercício ilegal de actividade económica, associação criminosa e fortes indícios de branqueamento de capitais.
Falta de controlo e sensação de impunidade
O director do Expansão, João Armando, lembrou ao Novo Jornal que esta actividade é apetecível porque não existe controlo do Estado sobre os sistemas eléctricos nacionais, especialmente nos não-convencionais, na sua instalação e no consumo posterior de energia, mesmo quando se trata de elevados gastos em electricidade.
Sublinhando que esta actividade exige um grande consumo de energia, João Armando aponta para "a facilidade com que em Angola se instalam postos de transformação (PT) sem autorização e sem efectivo controlo sobre o volume de energia consumida" como um dos incentivos a estes grupos para arriscarem.
"Com os custos da actividade, especialmente da energia consumida, não contabilizados na sua totalidade, esta torna-se apetecível, mesmo numa altura em que as moedas digitais estão a perder valor de forma acentuada", apontou.
Por fim, o jornalista nota que existe uma ideia de impunidade consolidada entre alguns grupos, especialmente asiáticos, que partem do princípio de que "em Angola se pode fazer tudo" e que, quando corre mal, "há sempre forma de resolver o problema".