Com transmissão no canal YouTube e na plataforma Zoom, Zacarias da Costa discursa enquanto secretário executivo eleito para o biénio 2021-2023, pela XIII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, decorrida no dia 17 de Julho de 2021, em Luanda, ao passo que o embaixador Oliveira Enconge o faz em nome da Presidência Angolana em Exercício da CPLP, assumida igualmente na mesma Conferência realizada na capital luandense.
A sessão solene do Dia Mundial da Língua Portuguesa inclui a apresentação do Plano de Actividades da Comissão Temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa, dos Observadores Consultivos da CPLP e dos vencedores do Prémio Revelação Literário - Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa, promovido pela UCCLA e pela Câmara Municipal de Lisboa. Haverá ainda um momento de poesia com a Trupe FESTLIP (músico e actores dos Estados-Membros da CPLP).
A efeméride proclamada em 2019 pela UNESCO celebra-se este ano sob o lema "Realidades, Desafios e Oportunidades no Espaço da Língua Portuguesa: Literacia, Ciência, Cultura e Economia". Um ciclo de debates promovido pela CPLP através de videoconferências teve início terça-feira última e termina esta tarde para marcar a comemoração da data, com transmissão no YouTube e por via do aplicativo Zoom.
Com a participação de vários profissionais das áreas afins ao lema radicados nos países membros da CPLP, em análise, hoje, estão dois temas: o primeiro é "O valor e a dimensão económica da língua portuguesa" e tem como oradores João Luís Lisboa, professor da Universidade de Nova Lisboa (Portugal), Olinda Beja, escritora são-tomense, Jerónimo Nunda Pongolola, quadro do Ministério da Economia (Angola), António Grassi, actor e gestor cultural brasileiro, e Paulo Osório, linguista e professor catedrático na Universidade da Beira Interior de Portugal. A moderação está a cargo de João Ima-Panzo, director de Acção Cultural e Língua Portuguesa.
O segundo tema é "Desafios do livro e da leitura no espaço da CPLP". Em debate estarão os escritores Jacques dos Santos (Angola), Daniel Spinola (Cabo Verde), Emílio Lima (Guiné-Bissau), Goreti Pina (São Tomé e Príncipe), António Carlos Cortez (Portugal) e Sheila Khan (Moçambique), sendo moderador o brasileiro Galeno de Amorim, do Observatório do Livro e da Leitura.
Na quinta-feira, terceiro dia dos debates, esteve em apreciação o tema "Políticas e estratégias de promoção do livro, da leitura e literacia enquanto elementos centrais de desenvolvimento humano e para o desenvolvimento sustentável", com a participação de Bruno Eiras (subdirector geral da Direcção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas de Portugal), Matilde Santos (presidente do Conselho Directivo do Instituto da Biblioteca Nacional de Cabo Verde), Iaguba Djaló (director da Biblioteca Pública e Arquivos Históricos Nacionais da Guiné-Bissau), Jeferson Assunção (director do Livro e da Leitura do Brasil), Andreia Brites (subcomissária do plano Nacional da Leitura - Portugal), Marlene José (directora da Biblioteca Nacional de São Tomé e Príncipe), João Fenhane (director geral da Biblioteca Nacional de Moçambique), Benjamin Corte Real (linguista e presidente do Conselho Nacional do IILP - Timor-Leste) e André Ossa (director do Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e no Caribe - Brasil).
Quarta-feira, em debate esteve o tema "Cultura e economia criativa: realidades e desafios". Com moderação de Gisele Hitl, Coordenadora do Gramado Film Market, do Brasil, os oradores foram Luís Chaby Vaz (presidente do Instituto do Cinema e do Audiovisual - Portugal), Adilson Gomes (director geral das Artes e das Indústrias Criativas - Cabo Verde), Pedro Dante Mba (Ponto Focal da CPLP para o Sector do Audiovisual - Guiné Equatorial), Nelson Mangueira (do Conselho Administrativo PRO-CULT - Angola), Elga Sousa Santiago (engenharia e técnica da Direcção de Indústria/Serviço Nacional da Propriedade Intelectual e Qualidade - São Tomé e Príncipe) e Matilde Muocha (directora do Instituto Nacional das Indústrias Culturais e Criativas - Moçambique).
O tema da abertura do ciclo de debates foi "Desafios do português como língua de ciência", tendo como oradores Maria Conceição Barbosa (presidente do Instituto Superior de Ciências da Educação de Benguela - Angola), Paulo Lopes (Fundação para a Ciência e Tecnologia (Projecto Repositório Científico da CPLP - Portugal), Tiago Santos Pereira (professor da Universidade de Coimbra - Portugal) e Albeiro Mejia Trujillo professor - Brasil). A especialista angolana referiu-se à necessidade de maior investimento na melhoria contínua da qualidade do ensino científico.
"De um modo muito particular, no domínio da ciência, tecnologia e inovação, ainda se constata algumas insuficiências, por exemplo, em termos de investimento público que actualmente se situa na ordem de 0,07 por cento do PIB nacional", disse, lamentando que Angola esteja na cauda do Índice Global de Inovação publicado em 2022 pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual.
O professor Albeiro Mejia que é de origem hispânica mas que afirma ser um apaixonado da língua de Camões falou em subvalorização da produção nacional em língua portuguesa como um dos males a eliminar, propondo maior investimento em políticas de promoção da língua, fazendo com que a mesma penetre, através das produções nacionais, em contextos de não-falantes do português.
A CPLP celebra, desde 20 de Julho de 2009, o 5 de Maio como Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP, instituído pela XIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP. Após articulações político-diplomáticas da organização e dos seus Estados-Membros, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) proclamou a data como «Dia Mundial da Língua Portuguesa», em Novembro de 2019, reconhecendo o papel e a contribuição da Língua Portuguesa para a preservação e disseminação da civilização e da cultura humanas, destacando que o Português é a língua mais falada do hemisfério sul e a língua oficial de organizações regionais e da Conferência Geral da UNESCO.
UCCLA comemora em cidade espanhola
A União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), primeira instituição criada com objectivo de aprofundar o relacionamento entre as cidades dos países de língua oficial portuguesa, escolheu a cidade de Olivença, em Espanha, para celebrar o Dia Mundial da Língua Portuguesa, com um programa que inclui conferências e actividades culturais.
De acordo com o secretário-geral da associação, Vítor Ramalho, a decisão de se realizar o acto solene naquela cidade espanhola que, apesar disso, é membro associado da UCCLA, foi uma iniciativa do "alcalde" de Olivença (presidente da Câmara Municipal), onde milhares de oliventinos com ascendência portuguesa têm dupla nacionalidade e onde as referências identitárias portuguesas estão bem presentes no património imobiliário histórico.
Em entrevista ao Novo Jornal, Vítor Ramalho enumerou os avanços significativos com a criação da UCCLA que hoje tem 60 cidades associadas e cerca de 20 empresas apoiantes, assim como da importância que teve o surgimento da CPLP na promoção da língua portuguesa e da cultura dos seus povos.
"A criação da CPLP deu lugar a um relacionamento intenso na articulação político-diplomática e no estabelecimento de cooperação que propiciou e tem propiciado o reconhecimento de tudo aquilo que são diplomas legislativos dos respectivos países e a apresentação dos nossos países à escala global, com resultados muito positivos".
A eleição do português António Guterres - que já vai no seu segundo mandato - a secretário-geral da ONU, de países membros da CPLP a membros não-permanentes do Secretariado da ONU, o reconhecimento de Timor-Leste no contexto internacional por efeito da luta do seu povo, mas também da grande solidariedade que se estabeleceu à escala dos povos falantes de português, a integração de Macau como uma das duas regiões administrativas especiais da China, entre outros ganhos, foram citados pelo secretário-geral da UCCLA.
Vítor Ramalho realçou ainda a importância do intercâmbio cultural, uma das principais apostas da UCCLA que tem feito na sua sede exposições de artistas da CPLP, apresentações de livros e tem promovido o Prémio Revelação Literário - Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa. Falou ainda do curso de Historias de Angola leccionado pelo professor Oliveira Pinto que se realiza na UCCLA, e recomendou a leitura do livro "Os negros em Portugal: uma presença silenciosa", do brasileiro José Ramos Tinhorão.
O secretário-geral da UCCLA deu a conhecer que a Câmara Municipal de Lisboa leva a cabo o evento Lisboa 5L, um festival internacional de literatura, no Palácio de Galveias, para celebrar o Dia da Língua Portuguesa, a quinta língua mais falada no mundo e a primeira no Atlântico Sul. Por outro lado, anunciou, para o período de 19 a 21 de Outubro próximo, na cidade da Praia, mais uma edição do Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, evento que também já aconteceu em cidades doutros países.