Existe um mistério em volta destes desaparecimentos, porque se presume de imediato que se trate de raptos ou de homicídios ou suicídios, o que é verdade numa parte dos casos, mas, numa igualmente larga percentagem dos casos, são apenas pessoas adultas a deixar a casa ou jovens a passar por crises pessoais ou familiares.

O alarme social, muitas vezes, aparece quando as famílias resolvem de imediato publicar as fotografias dos desaparecidos nas redes sociais, deixando no ar a ideia de que pode tratar-se de um crime.

Por exemplo, no bairro da Fubú, em Luanda, uma menina de 17 anos, Creusa Jeomara Miguel Moisises, está fora de casa já há três semanas e até ao momento os seus familiares não sabem do seu paradeiro.

Na província do Bengo, município do Dande, distrito do Panguila, a jovem Helena António de 26 anos, encontra-se desaparecida desde a última quarta-feira.

E no Kwanza-Sul, desapareceu do seio familiar já há uma semana, a jovem Diana Yasmin, que residia no município do Wako-kungo

Ao Novo Jornal o director do gabinete de comunicação institucional e imprensa do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, Nestor Goubel, disse que alguns destes casos que ocorrem em Luanda são tentativas para desestabilizar a sociedade, tendo o Facebook como meio mais fácil para divulgar as informações, por causa do fácil acesso.

Quanto às denúncias a nível da PN, Nestor Goubel afirma que são frequentes e apela à população no sentido de o fazer sempre da maneira correcta, dando participação às autoridades policiais mais próximas.

O Serviço de Investigação Criminal (SIC) também tem conhecimento dos desaparecimentos de vários indivíduos no País e garante que está a trabalhar no sentido de se apurar a veracidade dos factos.

Na província do Uíge, uma cidadã nacional de 33 anos, foi detida, na última quinta-feira pelos efectivos da secção municipal de Negage de investigação de ilícitos Penais, acusada de raptar uma menor de 13 anos, em 2020.

Segundo informações avançadas pela polícia, a suspeita aproveitou-se naquela altura da condição de vizinha para sequestrar a menor, levando-a de Negage para o município do Sanza Pombo, onde viveram lá durante três anos.

No decurso deste período, a sequestradora manteve a menina aprisionada no interior de uma residência isolada, mas a menor conseguiu escapar das mãos dela com auxílio de alguns automobilistas que a levaram até à casa da familiar biológica no município de Negage.

E a acusada será encaminhada para o juiz de garantia para ser responsabilizada criminalmente.

No primeiro semestre deste ano, 547 pessoas foram dadas como desaparecidas em todo o País, de acordo com os dados avançados pela Associação SOS Desaparecidos em Angola, assegurando que neste período foram resgatadas 308 pessoas das mãos de sequestradores.