"Os efectivos envolvidos neste incidente, desde o chefe da esquadra local, ao chefe da viatura e ao agente que fez o disparo serão responsabilizados criminalmente nos termos da lei", disse esta tarde à imprensa o director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa da Delegação do Ministério do Interior na província de Luanda.
Mateus Rodrigues referiu que a morte da zungueira originou uma situação de confronto entre as forças da ordem e a população residente naquele território, da Maianga, "o que obrigou a medidas policiais proporcionais, capazes de repor a ordem pública, tendo permitido o controlo da situação a favor das forças policiais, bem como a fluidez do trânsito na Avenida 21 de Janeiro, ao Rocha Pinto".
"Há processos disciplinares abertos para esses efectivos, e o agente que fez o disparo está sujeito a um processo-crime. Todos devem ser responsabilizados na medida da sua culpabilidade", salientou o porta-voz da Polícia em Luanda.
Mateus Rodrigues garantiu que as autoridades administrativas e a PN estão a desenvolver esforços no sentido de prestar apoio social à família da vítima.
"A morte da cidadã de 28 anos terá sido originada por um disparo mortal de um agente, já detido, em circunstâncias injustificadas, ainda por esclarecer, com fortes indícios de inobservância dos princípios de actuação policial e excesso de uso da força".
O intendente Mateus Rodrigues apelou aos cidadãos para não agirem de forma violenta contra a Polícia, porque, segundo conta, "os resultados nunca são bons".
"Acabamos sempre de lamentar no fim. Então, queremos é que os cidadãos colaborem com a Polícia e outros órgãos do Ministério do Interior", afirmou.
Segundo o director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa da Delegação do Ministério do Interior na província de Luanda, não há nada que justifique que um agente da Polícia devidamente preparado dispare contra um cidadão.
"É uma situação inexplicável. Daí que haja lugar a responsabilização criminal para esse efectivo", disse.
Como resultado deste episódio de extrema violência no Rocha Pinto, foram detidos pela Polícia Nacional 20 cidadãos, com idades compreendidas entre os 16 e os 47 anos, por suspeitas de envolvimento no acto de vandalismo, que devem ser apresentados ao tribunal para julgamento sumário.
De acordo com Mateus Rodrigues, as acções de manutenção da ordem e tranquilidade pública no local continuam com uma intensidade mais próxima do que é habitual naquela zona.
De recordar que na acção de ontem o edifício da administração do Prenda foi parcialmente destruído pelo fogo ateado pelos populares enfurecidos. Os seguranças que estavam no local foram obrigados a fugir para não serem agredidos.
Uma das pessoas que assistiu aos tumultos da 21 de Janeiro desde o seu início, embora não tendo assistido ao disparo letal sobre a zungueira, contou ao NJOnline que por detrás desta reacção das pessoas está não só o desejo de manifestar a revolta contra a acção policial mas também uma consequência de uma insatisfação social latente devido à deterioração das condições de vida.