As empresas do sector de bebidas asseguram que tiveram um tempo muito limitado para reconverter as linhas de enchimento e consideram grave a situação, que agora vai deixar milhares de famílias sem salário.

"Isso é muito grave, vão para o desemprego 4.200 trabalhadores. Pessoas treinadas em muitos países, que hoje estão a gerir grandes indústrias. Agora o que fazemos com esses trabalhadores?", questiona Manuel Sumbula, presidente da Associação das Indústrias de Bebidas de Angola (AIBA).

A AIBA diz que em 2023 os operadores foram obrigados a fazer investimentos milionários para combater a contrafacção, mas não lhes foi dado um prazo alargado para trazerem para o País as linhas de enchimento de recipientes de vidro.

Os operadores asseguram que tinham consciência que o modelo de produção de bebidas espirituosas em saquetas não seria para sempre, mas salientam que requer um investimento muito dispendioso, e o tempo que o Executivo deu desde o mês de Julho último é insuficiente para as indústrias, que muito pediram o alargamento do prazo.

Entretanto, a AIBA afirma que respeita a decisão do Executivo, mas contesta o prazo de 60 dias para a eliminação total da produção e comercialização, pelo facto de não permitir a adaptação das linhas de produção e respectivos recursos humanos, cujos interesses o Estado não aceitou ter em conta.

Especialistas do sector asseguram que não será fácil montar uma linha de enchimento em recipientes de vidro, pois requer 24 meses para conclusão.

Segundo a AIBA, Angola dispõe apenas de duas fábricas de produção de garrafas, cuja capacidade é insuficiente face à necessidade de cerca de 600 milhões de garrafas desta indústria.

Em função da medida do Executivo, a indústria de bebidas espirituosas avançou com uma proposta ao Governo que permitisse o embalamento em garrafas de "PET" (garrafas de plástico), mas não foi aceite.

Entretanto, o diploma do Ministério da Indústria e Comércio, que dá cumprimento a uma medida anunciada em Julho do ano passado, justifica a eliminação dos famosos "pacotinhos" com questões de saúde pública, ambiente e ordenamento do comércio.

O consumo do famoso whisky em "pacotinho", em Angola, que é comercializado em grande escala na via pública, maioritariamente nas paragens de táxis e nas zonas suburbanas, entretanto, é sobretudo feito por cidadãos de baixos rendimentos, devido ao custo do produto.

Um "pacotinho" de whisky é vendido entre 50 a 150 kwanzas, dependendo da marca e do respectivo sabor.

O coordenador para o Programa de Selos Fiscais da Administração Nacional Tributária, Yuri Santos, informou que o Governo proibiu a produção e venda de bebidas alcoólicas em saquetas, por serem prejudiciais à saúde pública.

Conforme este responsável, a proibição surge como forma de protecção dos jovens, salientando que países como a RDC e Moçambique já proibiram há muito o seu uso.