De acordo com fontes consulares citadas pela imprensa congolesa, 4.127 cidadãos da República Democrática do Congo (RDC) encontraram refúgio na Lunda Norte desde 12 de Abril último, por causa de um súbito agudizar do conflito que opõe milicianos fiéis ao chefe costumeiro Kamwuina Nsapu, morto em Agosto de 2016, e as forças de segurança do país.

Todavia, este aumento da conflitualidade entre as milícias de Nsapu e a polícia e militares da RDC deverá ter chegado ao fim este fim-de-semana, depois de o Governo de Kinshasa, através do ministro do Interior, ter cedido às exigências da milícia do antigo chefe tradicional, deixando a família proceder às cerimónias fúnebres segundo os rituais locais e formalizando a sucessão, aceitando formalmente a designação do filho de Kamwina, de nome Kabeya Jacques Ntumba Mupala, como novo lider.

Depois de cerca de um ano de confrontos sucessivos entre as forças de segurança e as milícias de Nsapu, a violência pode ter chegado ao fim, criando as condições para o regresso às suas casas de muito milhares de pessoas, entre estas mais de 4 mil procuraram segurança em território angolano, tendo já voltado ao seu país cerca de mil.

Mas permanece por confirmar se o entendimento que a família reinante alcançou com o Governo de Kinshasa satisfaz as milícias do antigo chefe tradicional, levando a que estas deponham as armas.

Armas essas que estiveram no centro do conflito que já provocou mais de 400 mortos e fez cerca de um milhão de pessoas alteraram sofridamente o seu estilo de vida e que só nos próximos dias se saberá se foram efectivamente depostas, permitindo assim o regresso da paz à província do Kasai Central e que os mais de 4 mil refugiados que se encontram em Angola, a maior parte em condições de extrema precariedade, possam voltar às suas casas.

Para já, tudo aponta que assim seja, que a paz se instale no Kasai, tendo o novo líder, sucessor de Nsapu, o seu filho Ntumba Mupala, apelado ao fim das hostilidades, à deposição das armas e o regresso da ordem.

As dúvidas que subjazem resultam do facto de o pai do actual líder se ter revoltado também por razões autonomistas e não apenas por causa de formalidade ligadas à tradição local, para as quais obteve o apoio do seu povo (milicianos) e que agora o novo chefe não deve continuar.

Da resposta dos seus súbditos a esta alteração de política deve resultar a continuação da violência ou a normalização das províncias do Kasai e do Kasai Ocidental.