"Se sobe o preço do combustível, as coisas ficam apertadas, porque temos a plena certeza de que todos os preços de bens e serviços praticados em Angola [têm] o ponto de partida no preço praticado na venda de combustível. Tudo vai subir. Infelizmente, os salários é que não sobem", aponta o responsável, em declarações à agência Lusa.
Apesar de acreditar, "olhando para os últimos discursos dos políticos, [que] o preço não deverá subir", o presidente da ANATA não baixa a guarda.
"Se eventualmente, de forma teimosa, insistirem na subida do preço do combustível, haverá manifestações em todo o território nacional, com o bloqueio das principais vias", promete Geraldo Wanga, alertando para a "necessidade de se dialogar com os cidadãos, antes de se avançar para qualquer medida".
O líder da ANATA, que organizou, no último sábado, 14, em Luanda, o protesto contra o aumento do preço dos combustíveis, sublinha que é preciso ter em conta o impacto de um eventual ajuste na vida dos cidadãos.
Por exemplo, explica Francisco António, um dos mais de 200 taxistas presentes na marcha, a aplicação da recomendação do Fundo Monetário Internacional - de duplicar os preços até ao final do ano - implicára a subida da corrida dos actuais 150 kwanzas para 300 kwanzas.
"Valores que penso não estarem ao alcance dos cidadãos, olhando para os salários que auferem. Somos humanos e não aceitamos isso", defende o motorista, citado pela Lusa.
A preocupação com o encarecimento da vida dos cidadãos também ressalta das palavras do colega de estrada Lourenço Quimbungo.
"Estamos aqui não só em nome dos taxistas, mas em nome de toda a população do país. Porque, se o combustível sobe, quem sofrerá é povo, [e] haverá necessidade de se criar um equilíbrio", apontou.
Recorde-se que o ministro das Finanças, Archer Mangueira, admitiu, no início deste mês, dstar em curso um estudo sobre o impacto de um eventual acerto dos preços dos combustíveis e seus derivados na vida da população, garantindo, no entanto, que o Governo irá adoptar medidas para atenuar os efeitos negativos que a subida dos preços terá na vida das famílias.
Antes, a 18 de Junho, o Fundo Monetário Internacional (FMI) avisava que o Governo terá de duplicar o preço do litro de gasolina e de gasóleo em oito meses, para eliminar os subsídios que atribui à petrolífera estatal Sonangol para manter os preços baixos.
Se esta recomendação fosse atendida, o preço do litro de gasolina em Angola subiria para 320 kwanzas e o do gasóleo para 270 kwanzas. Tal como no período entre 2014 e 2016, em que o Governo já reduziu os subsídios aos preços, este ajustamento, segundo a missão do FMI, "poderá ser implementado gradualmente ao longo dos próximos oito meses", de forma a "suavizar o impacto na inacção".