Hernando Agudelo lembrou que, desde que o surto chegou à província do Goma, região com ligação directa com a cidade de Kinshasa, capital da RDC, que partilha a fronteira com Angola, a preocupação deve ser maior.
O responsável confirmou, em entrevista ao Jornal de Angola, que embora esteja no nível dois em termos de territórios em risco, que partilham fronteira com a República Democrática do Congo, Angola deve ter capacidade de reacção rápida diante de um caso suspeito de ébola, uma vez que as medidas exigem supervisão e simulações, para garantir uma preparação adequada.
Segundo o representante da OMS em Angola, nas províncias que fazem fronteira com a RDC - Zaire, Uíge, Lundas Norte e Sul e Moxico - há várias equipas de efectivos das Forças Armadas e da polícia fronteiriça a receber treino com o apoio da OMS, para aprenderem a lidar com o surto e passar os ensinamentos à população, pois, segundo o responsável, "é fundamental, em caso de diagnóstico, a população saber os procedimentos respeitantes à prevenção e ao manuseamento do risco clínico, nomeadamente no contacto com doentes e cadáveres, porque "a doença é altamente transmissível".
"Está a ser criada uma consciência preventiva no seio da população, de modo a estar em alerta", declarou Hernando Agudelo.
Na cidade congolesa de Goma, densamente habitada, com cerca de dois milhões de pessoas, já se registaram duas mortes por ébola e um caso por transmissão. Em resposta, o Ruanda fechou a fronteira, pois do seu lado está Gisenyi, com cerca de 85 mil habitantes, e muitos deles atravessam a fronteira diariamente para trabalhar na RDC para trabalhar.
A passagem foi reaberta ao fim de 14 horas, depois de a Presidência congolesa emitir um comunicado em que criticava a decisão "unilateral" do Ruanda.
"Na base de uma decisão unilateral das autoridades ruandesas, os cidadãos do Ruanda não podem ir para Goma e os congoleses não podem sair de Gisenyi, são impedidos de ir para casa", lê-se no comunicado, que garante que "equipas de resposta médica continuam a garantir que Goma está fora de perigo".
Num ano, o ébola já matou 1803 pessoas, em 2.687 infectados na RDC. No dia foi declarado como Emergência Internacional.
De mães para filhos, de maridos para mulheres, o ébola transmite-se até de um cadáver para um dos parentes que estejam em luto.
"A doença transforma os aspectos mais mundanos da vida quotidiana de cabeça para baixo, prejudicando as empresas locais, impedindo as crianças de frequentar a escola e dificultando os serviços de saúde vitais e rotineiros", lê-se num comunicado da OMS.
Através de febres e hemorragias graves, o vírus do Ébola torna-se numa das doenças mais mortíferas do mundo.
"A doença é implacável e devastadora", revelou a estrutura.
A vacinação previne a contracção deste vírus em 99 por cento dos casos, mas só as pessoas que estiveram em contacto direto com o vírus podem ser vacinadas.