Esta rede organizada transportou os equipamentos informáticos para produção de criptomoeda do local vedado pela polícia para uma área no Kilamba, em Luanda, onde retomou a mineração de moedas digitais... até que o SIC os apanhou de novo.
No local descoberto no último fim-de-semana foram ainda encontrados oito contentores de 40 pés, com mais de 17 mil novos processadores de alta precisão, este equipamento, segundo o SIC, está avaliado em quase 17 milhões de dólares norte-americanos.
O director do gabinete de comunicação institucional e imprensa da direcção geral do Serviço de Investigação Criminal (SIC), Manuel Halaiwa, explicou que "só com o material apreendido daria para abrir oito centros de mineração.
Os proprietários dos equipamentos apreendidos nos arredores da Centralidade do Kilamba encontram-se em parte incerta porque conseguiram escapar à malha montada pelo SIC.
Quanto ao dono do quintal que cedeu o espaço para os chineses, ainda não foi determinado e também já está a ser investigado para ser responsabilizado criminalmente.
Desde o princípio do ano passado até à última semana de Março deste ano, o SIC já desmantelou, em todo país, mais de 40 estaleiros clandestinos de mineração de criptomoedas e foram detidos mais de 100 indivíduos de nacionalidade chinesa.
Depois de o Presidente da República ter alertado para esta actividade e pedido maior empenho das autoridades no seu combate, devido aos elevados prejuízos que causa à economia nacional, nomeadamente no consumo elevado de energia, as detenções sucedem-se.
Como se produz criptomoeda?
As criptomoedas são geradas a partir de um sistema informático de grande resolução que, ao contrário do que se pensa, que é que estas resultam da resolução de equações matemáticas, procura antes códigos, como se fosse um sorteio, amealhando a moeda à medida que acerta nos códigos aleatórios.
À medida que o software acerta nesses códigos, vai amealhando criptomoedas, que lhe chegam através do registo da descoberta no banco de dados denominado blokchain, que é uma espécie de sistema de armazenamento de dados por blocos interligados.
Em síntese, como estes códigos não são infinitos, os centros de mineração competem uns com os outros em todo o mundo por eles, sendo que quanto maior for a capacidade de processamento, maior sucesso se tem, em teoria.
Gasto gigantesco de energia e impacto ambiental negativo
Mas a questão problemática para o Estado angolano, sendo que é daí que resulta parte da preocupação do Presidente João Lourenço, que a fez chegar às autoridades na sexta-feira, 07, de forma incisiva, é que estes centros ilegais usam vastas quantidades de energia da rede pública, muitas das vezes com ligações pirata.
E quanto maior e potente é o sistema em rede usado para minerar este valioso recurso digital, sendo a mais conhecida, havendo muitas outras, a Bitcoin, que vale actualmente cerca de 100 mil USD por unidade, mais energia consome.
Segundo dados recolhidos em estudos internacionais, alguns destes "spots" podem gastar o equivalente a uma pequena cidade e, actualmente, em todo o mundo, estima-se que minerar criptomoedas custe o equivalente ao consumo de energia de países como a Austrália.
Só uma destas unidades sem dimensões extraordinárias tem, por norma, um consumo superior a 3,5 quilowatts-hora (kWh).
Há ainda a acrescentar que esta actividade tem um impacto ambiental gigantesco se não contar com energia gerada localmente por fontes alternativas, como a solar, eólica ou hídrica...