Em causa está um conjunto de seis diamantes de grande qualidade - IIa Type, os mais valiosos e puros - equivalentes a 449 quilates, que a empresa australiana, e os seus sócios nacionais, a Endiama (concessionária) e a Rosa & Pétalas, decidiram não vender antes da entrada em vigor da nova lei que regula o sector, aprovada pelo Executivo em Junho último.
Com esta venda, a mina do Lulo, na Lunda Norte, volta às vendas de gemas de grande valor, com as quais se tornou na mais prestigiada em Angola nos últimos anos devido à dimensão e qualidade dos diamantes que tem produzido, incluindo o maior alguma vez encontrado em território nacional, com 404 quilates, em 2016, que foi vendido por 16 milhões USD à suíça De Grisogono, de Isabel dos Santos, e com a qual foi criada uma jóia vendida por mais de 34 milhões de dólares.
A espera decidida pela Lucapa resultou da aprovação da nova política de comercialização de diamantes brutos, que aconteceu em Junho, na 6ª reunião do Conselho de Ministros, que passou a assegurar mais transparência ao negócio de compra e venda de diamantes, até então marcada pela existência de clientes preferências que ficavam, se assim o entendessem, com a totalidade da produção nacional.
Com as alterações introduzidas, como explicou na altura o ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, Diamantino Azevedo, pretendeu-se motivar as empresas que deixaram em tempos o país a regressarem e voltarem a investir no sector diamantífero, bem como criar unidades industriais de lapidação.
Com a nova legislação, os produtores poderão vender os seus diamantes com maior liberdade de escolha dos compradores, o que o Lulo está agora a fazer e, por exemplo, se já estivesse em vigor, nada garante que a venda do diamante de 404 quilates que foi vendido a Isabel dos Santos, assim tivesse acontecido.
E poderão fazê-lo a um preço justo, mais definido pelo mercado que pela lei então em vigor, o que impedia as empresas de maximizarem os seus proveitos, ao mesmo tempo que permitia a alguns intermediários preferenciais arrecadarem avultados lucros com quase esforço nulo.
Embora, como o ministro notou então, "o órgão público de comercialização (Sodiam) terá também direito de comprar uma percentagem para comercialização".
Face a este cenário, a Lucapa Diamond Company informou em comunicado que esteve em conversações com os sócios angolanos e ficou acordado que estavam agora reunidas as condições para proceder à venda deste conjunto de grandes diamantes, com, respectivamente, 114 quilates, 85,75,70,62 e 43 quilates, e ainda um raro diamante rosa de 46 quilates.
A data ainda não está decidida, mas será em breve, segundo o director do Lulo, Stephen Wetherall, sublinhando, citado pela imprensa australiana, que a venda será realizada "assim que os preparativos estejam concluídos de forma a proceder à sua promoção pelo mundo".
Apesar deste procedimento, de aguardar para realizar a venda, ter tido um impacto negativo nas contas da empresa no primeiro semestre deste não, as vendas ascenderam a quase 16 milhões de dólares, com o preço médio do quilate a consolidar nos 1 642 USD.