A OPEP+, organização ad hoc que integra os Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e um grupo de não-alinhados liderados pela Rússia, chegou a acordo em Abril para iniciar a 01 de Maio, e até finais de Junho, tendo, depois, acrescentado mais um mês ao programa, para enxugar a produção em 9,7 milhões de barris por dia (mbpd) mas nem todos os membros cumpriram a sua parte e Angola era um dos países desse lote de "resistentes".
Ao longo de Maio e Junho, as agências de notícias e os sites especializados no sector foram divulgando declarações em "off" de responsáveis da Arábia Saudita, o pais-pilar da OPEP, exprimindo descontentamento com alguns dos membros do "cartel" por não estarem a cumprir as suas partes, e, como a Reuters lembrava em Junho, Angola estava a ser pressionada no sentido de preencher a sua quota.
Inicialmente, segundo esta agência, Luanda argumentava então que não poderia compensar pelo seu excesso de produção em Julho-Setembro, mas que o faria entre Outubro e Dezembro, expressando a direcção da OPEP a ideia de que estavam a pressionar o Governo angolano.
E, aparentemente, Luanda cedeu, porque, segundo noticiou na terça-feira a Reuters, "Angola concordo em cumprir a sua parte" junto do Comité Conjunto de Monitorização (JMMC, na sigla em inglês) da OPEP+, que tem a próxima reunião marcada para 15 de Julho.
A mesma fonte nota que o compromisso angolano é que compense o excesso de produção de Maio e Junho já em Julho e Setembro, sendo que a partir de Setembro, o acordo prevê que os cortes passem de 9,7 para 7,7 mbpd.
Com Angola nesta lista de incumpridores estão ainda o Iraque, o Kazaquistão e a Nigéria.
A produção de Angola durante o mês de Maio, já em período de incumprimento, segundo dados da OPEP, foi de 1,28 milhões de barris por dia, 100 mil a mais que o seu "target", e em Junho a produção baixou para 1,24 mbpd, 60 mil acima do que deveria estar, segundo o acordo em questão.
Esta redefinição da estratégia de Angola face aos seus compromissos com a OPEP+ surge num contexto em que a matéria-prima vem consolidando o seu valor acima dos 40 USD por barril há várias semanas, embora com ligeiros solavancos ditados seja pelo aumento de casos da Covid-19, o que faz temer o regresso do confinamento social a alguns países, desde logo a China, na Europa e os EUA, ou ainda o crescimento dos stocks nos Estados Unidos.
O Brent, de Londres, onde o valor médio das exportações angolanas é definido diariamente, estava hoje, cerca das 09:40, a vender o barril a 43,22 USD, menos 0,07% que na sessão de quarta-feira.