A acumulação de reservas por parte das grandes economias, como a dos EUA, em especial, onde o Instituto Americano do Petróleo informou que estão a suceder subidas semanais na ordem dos milhões de barris há mais de um mês, mas também da China ou da Índia, é a principal razão apontada pelso especialistas para esta "depressão" nos mercados internacionais.
Mas há outras razões: a Arábia Saudita tem vindo a aumentar a produção, devido à forte pressão nesse sentido que está a sofrer por parte do Presidente norte-americano Donald Trump, mas também porque os EUA estão a apostar fortemente na sua produção interna, nomeadamente no petróleo de xisto, ou "fracking".
Por detrás deste deslizar dos preços do crude nos mercados está claramente a brecha que Trump conseguiu provocar nas muralhas da Organização de Países Produtores de Petróleo (OPEP) que, desde Janeiro de 2017, em conjunto com a Rússia e mais 11 exportadores não-membros, mantinham uma política de cortes de 1,8 milhões de barris por dia.
Mantinham mas a OPEP+ - designação que nasce da junção de esforços OPEP + Rússia - deixou lado essa estratégia quando, no início deste ano, Trump, para garantir combustíveis baratos em tempo de eleições, virou-se para o seu aliado no Médio Oriente, a Arábia Saudita, a quem colocou sob forte pressão para aumentar a produção, ao que a corte saudita acedeu.
Aliado a este tombo do barril está ainda uma ligeira desaceleração do crescimento económico global, provocada, entre outras razões, pela guerra comercial que tem envolvido a China e os Estados Unidos.
Face a este cenário, os analistas dos grandes bancos mundiais estimam que o petróleo mantenha este rumo em baixa, embora notem que muito vai depender dos resultados dos encontros da OPEP+, como o que vai ter lugar já no início de Dezembro, em Viena de Áustria, ou ainda da forma como a OPEP aplicar as resoluções das suas reuniões de urgência que ocorreram em Abu Dhabi e em Riade nas últimas semanas, onde a maior parte dos membros mostraram o seu forte descontentamento às decisão saudita de aumentar a produção.
Recorde-se que os sauditas, maiores produtores mundiais e, por isso, líderes de facto da OPEP para todos os efeitos, acresceram entre 500 mil e 1 milhão de barris à sua produção diária no seguimento das pressões de Trump.
Perante este cenário, e quando Angola elaborou o seu OGE 2019 com o barril a 68 USD, o que pode constituir um problema sério se não surgirem alterações nas próximas semanas, o que for decidido em Viena de Áustria, a 06 de Dezembro, será fundamental e Luanda só pode estar a trabalhar no sentido de reverter o aumento da produção dos sauditas em Junho último e que levou o crude a descer dos mais de 85 USD por barril em Setembro para os actuais 59, 90 ao início da manhã de hoje.
E esse corte na produção parece ser o mais expectável, até porque, como noticiaram a Reuters e a Bloomberg a seguir ao encontro de Abu Dhabi, já este mês, em suspenso terá ficado apelas o valor da redução, sendo certo que da reunião de Viena vai sair essa decisão.
Alguns analistas admitem que esse corte pode ultrapassar o milhão de barris por dia porque só um substancial corte poderá impedir a manutenção deste ciclo em baixa, como o prova o facto de já hoje o Brent estar a negociar o barril a menos de 60 USD, a 59,90 USD mais precisamente.