Esta reunião-chave da OPEP e da OPEP+, designação ad hoc para a junção dos países do "cartel" e, entre outros, a Rússia, México e o Cazaquistão, está a gerar forte expectativa nos mercados petrolíferos porque nos últimos dias surgiram notícias que apontam de forma clara para o aprofundamento dos cortes na produção.
Desde Janeiro de 2017 que a OPEP+ tem em curso cortes na produção, primeiro de 1,8 milhões de barris por dia (mbpd) e, desde Janeiro deste ano, de 1,2 mbpd, como forma de controlar em alta o preço do barril, que vive actualmente a pressão em sentido contrário da guerra comercial entre os EUA e a China, e ainda o excesso de oferta gerado pela cresente produção norte-americana, muito associada à indústria alternativa do fracking, ou petróleo de xisto.
Agora, quando arranca mais este ciclo de dois dias de trabalhos, onde estão alguns dos maiores produtores e exportadores mundiais, desde os gigantes Arábia Saudita e Rússia, aos grandes produtores do Médio Oriente, como o Iraque e o Irão, ou ainda as maiores reservas mundiais, como são as da Venezuela, mas também os "gigantes" africanos, a Nigéria e Angola, o que se espera é que sejam cumpridas as "ameaças" de novos cortes.
Cortes esses que têm por finalidade a subida dos preços, mas também impedir o excesso de oferta nos mercados em 2020, como alguns organismos mundiais esperam que aconteça, é o caso da Agência Internacional de Energia e da OPEP.
Este encontro, sublinhe-se, reveste-se de especial importância para Angola, bem como para todos os países que dependem significativamente das exportações de crude para o equilíbrio das suas contas públicas, porque o atraso substancial na diversificação da economia, que o País ensaia já há vários anos, impõe o petróleo como factor determinante.
Para já, em cima da mesa, segundo fontes citadas pelas agências de notícias, está a possibilidade de um aumento dos cortes dos actuais 1,2 mbpd para 1,6 mbpd, mais 400 mil que o corte actualmente em vigor.
Como tem sido usual, não é conhecida a posição de Angola para esta reunião, embora os países com o mesmo tipo de necessidade, como é o caso da própria Arábia Saudita, têm admitido o seu empenho para que estes cortes sejam hoje confirmados à mesa das negociações.
Negociações essas que têm como calendário a reunião da OPEP hoje e amanhã, sexta-feira, entre os membros da OPEP+, já com a Rússia, México, Cazaquistão, entre outros.
Hoje, o barril de Brent, vendido em Londres, praça onde é determinado o valor médio das exportações angolanas, estava a reflectir em baixa o contexto económico global, com o preço fixado nos 62.86 USD por barril, perto das 10:30, o que representa uma perda de 0,22% em relação ao fecho de quarta-feira.
Esta reacção dos mercados resulta do facto de os cortes já estarem dados como certos e da ausência de sinais positivos oriundos das negociações que decorrem entre Washington e Pequim a propósito da guerra comercial entre os dois gigantes económicos que "infecta" a economia planetária e, por arrasto, a procura de petróleo.
Um dos factores determinantes para o sobe desce dos gráficos nos mercados petrolíferos são as declarações do Presidente dos EUA, Donald Trump, que ora diz que as negociações com a China estão a correr bem, ora estão a correr mal, servindo-lhe esse efeito, de facto, para controlar em baixa o valor do barril, uma condição essencial para o período eleitoral que vive - é candidato à reeleição em 2020 - onde o preço baixo dos combustíveis é historicamente determinante para o sentido de voto dos eleitores norte-americanos.