Quando na segunda-feira os principais mercados do mundo abriram, o barril passou, no Brent de Londres, aquele que importa para as exportações angolanas, dos 61 dólares do enceramento da sexta-feira para uns estonteantes 71 USD, a maior subida diária desde a I Guerra do Golfo de 1991, atingindo mesmo os 19,50 por cento, embora tenha corrigido em baixa logo a seguir, para se manter pouco acima dos 66 USD até terça-feira.
Já hoje, quarta-feira, o barril de Brent abriu a perder de forma robusta, estando, pouco depois das 09:30 a bater nos 63 dólares, apesar de tudo cerca de dois dólares acima do momento antes dos ataques que deixaram o mundo em alvoroço.
Os primeiros sinais de pânico vieram dos Estados Unidos, com o Presidente Donald Trump a dizer de imediato que estava com o dedo no gatilho para atacar os responsáveis pelos ataques, acusando indirectamente o Irão pelo feito, apesar de os drones utilizados terem sido, como os próprios reivindicaram, disparados pelos rebeldes Houthis , do Iémen, que, apoiados pelo Irão, combatem o Governo fantoche apoiado pela Arábia Saudita.
Logo de seguida garantiu que ia libertar as gigantescas reservas estratégicas dos EUA para suprimir o défice de oferta nos mercados gerados pelos ataques de Sábado.
Nem um, o ataque ao Irão, nem a abertura das reservas dos EUA, aconteceram.
O dedo de Trump saiu do gatilho depois de as Nações Unidas e a China, entre outros, terem sublinhado a insensatez que seria atacar o Ião sem provas concretas, sendo que Teerão rapidamente negou ter estado por detrás do bombardeamento à refinaria de Abqaiq e ao campo petrolífero de Murhais.
E não foi necessário abrir as torneiras das reservas estratégicas norte-americanas porque, afinal, os estragos provocados pelas explosões vão ser, como garantiram nas últimas horas as autoridades sauditas citadas pelas agências, reparados em poucas semanas - pensava-se que seriam necessários meses - e as reservas do país estão a ser utilizadas para evitar o impacto no fornecimento dos mercados.
Este é o cenário que está por detrás da queda de 6% que hoje, no Brent, apareceu nos gráficos assim que abriu, muito impulsionado pelas declarações do ministro saudita da Energia, Abdulaziz Bin Salman, no sentido de um regresso à normalidade mais rápido que aquilo que seria de esperar quando as primeiras declarações do seu ministério apontavam para um impacto de mais de 5% da produção mundial de crude, cerca de 5,7 milhões de barris por dia.
Isso ficou claro quando, apenas durante o tempo em que durou a conferência de imprensa de Bin Salman, na terça-feira, o Brent de Londres caiu quase 6%, o que deixa bem exposto o periclitante equilíbrio em que se desenrola o negócio planetário da matéria-prima.
Recorde-se que, para Angola, a subida vertiginosa de segunda-feira teve forçosamente o efeito de fazer brilhar os olhos dos gestores nacionais, porque, a manter-se nos 71 USD, teria sido um forte impulso ao equilíbrio das contas públicas.
Todavia, ao fim de quatro dias de efeito sentido dos ataques, o barril ainda está mais de 2 USD acima do fecho de sexta-feira, o que permitiu a injecção de algumas dezenas de milhões de dólares extra para os cofres nacionais.