Perto das 12:00 de hoje, em Angola, o barril de crude vendido no mercado de Londres (Brent) , estava a valer 64,48 USD, uma subida de quase 4 dólares só esta semana, o que constitui uma razoável boa notícia para as contas de Angola, que, como se sabe, tem o Governo a preparar uma revisão do OGE por este ter sido elaborado com o barril estimado em 68 USD.
Este impulso no valor da matéria-prima mais relevante nas exportações angolanas, mais de 90% destas, resulta de um animado conjunto de notícias sobre a retoma das negociações entre as duas maiores economias mundiais, que se travam de razões há cerca de um ano, com disparos de aumentos de taxas alfandegarias um sobre o outro.
Recorde-se que, se do lado dos EUA, foram atiradas contra a China novas tarifas alfandegárias na ordem dos 250 mil milhões USD e Pequim ripostou e atingiu a economia norte-americana com mais de 50 mil milhões de novas taxas sobre as importações oriundas da América, o que resultou numa onda de pessimismo sobre o crescimento da economia global e, concomitantemente, no recuo do valor do petróleo.
Há cerca de três meses, confrontados com os efeitos nefastos desta guerra com a China, a indústria norte-americana pressionou Donald Trump para encontrar uma solução e este aceitou um período de tréguas de 90 dias que, agora, chegou ao fim, dando lugar a uma nova ronda negocial.
Se, por um lado, Trump, mantém o discurso de que a China está a roubar os EUA devido à sua política económica, dificultando as importações e apoiando as exportações, a verdade é que, ao fim de 90 dias (começou em Dezembro de 2018 e o prazo termina em Março), ambos os lados, como admitem os analistas que hoje falaram à imprensa económica mundial, já perceberam que pouco ou nada têm a ganhar em manter este braço-de-ferro.
Isso levou a que os mercados do petróleo reagisse em alta, ainda porque o próprio Trump veio a público dizer que as conversas entre os dois países estavam a correr "mesmo muito bem".
"Correr "muito bem" nas palavras de Trump, significa, para o analista de mercados da OANDA, Alfonso Esparza, citado pelo Reuters, que as tréguas de 90 dias deverão agora "ser prolongadas" tendo em conta o progresso das conversações que culminarão com o encontro entre os Presidentes chinês, Xi Jinping, e norte-americano, Donald Trump, até ao final deste mês.
A par destas frutuosas conversações, ou também por causa delas, as importações de petróleo por parte da China aumentaram em Janeiro 4,8 por cento face a igual período do ano anterior, na ordem dos 10,03 milhões de barris por dia, por forma a alimentar a sua máquina produtiva gigantesca.
Este facto, aliado à uma recente e surpreendente diminuição das reservas dos EUA, e ainda aos cortes em curso por parte da OPEP e dos seus aliados, com a Rússia à frente, a crise na Venezuela e as, ainda por perceber totalmente nos seus efeitos potenciais, sanções de Washington ao Irão, permite, no que respeita aos países produtores/exportadores, ter um olhar optimista quanto ao futuro, havendo mesmo quem, como algumas financeiras mundiais, perspective um regresso rápido aos 70 USD por barril.
O risco está, no entanto, no igualmente rápido crescimento da produção fora do âmbito da OPEP e aliados, que deverá aumentar este ano cerca de 1,8 milhões de barris por dia, contra uma diminuição estimada da oferta do "cartel" em cerca de 1,4 milhões de barris diários.