Esta diminuição da produção resistiu mesmo à nova legislação e redução de taxas para facilitar a vida às petrolíferas, por exemplo, nos campos marginais do offshore nacional, com que o Governo procurou enfrentar esse efeito nefasto da crise que se abateu sobre o sector em meados de 2014, com uma forte quebra nos preços do barril, o que levou a situações como, por exemplo, entre outras, a diminuição do investimento na manutenção das plataformas e outros equipamentos da infra-estrutura produtiva nacional.
Esse desinvestimento reflectiu-se de imediato no decréscimo da produção nacional, levando a uma reacção do Governo no sentido de contrariar essa fatalidade para a economia nacional.
A produção media diária em 2018 foi de 1.478 mil barris, o que compara em baixa com os 1.632 ao longo de 2017, podendo significar estes números que as estimativas avançadas em Março de 2018 pela Agência Internacional de Energia (AIE), que apontavam para uma diminuição gradual da produção de crude em Angola para os 1,29 milhões de barris por dia em 2023, podem estar a verificar-se.
Na conferência de imprensa que teve lugar no edifício sede da petrolífera nacional, em Luanda, como tem sido tradição no âmbito da passagem de mais um aniversário da fundação da Sonangol, que já leva 43 anos, foi ainda avançado que, ao contrário do que sucede com a produção nacional global, a companhia viu aumentar a sua produção própria - devido às participações que tem em diversos blocos com outras companhias internacionais no papel de operadoras - em 5%, passando, em 2017, de uma produção de 226 mil barris por dia para, em 2018, 237 mil.
No entanto, estes dados não fazem esmorecer a administração da Sonangol que, segundo explicou o seu PCA, Carlos Saturnino, na mesma conferência de imprensa, quer aumentar de forma significativa a sua produção própria para os 340 mil barris diários em 2022.
Apontar 2022 como o ano de confirmação deste aumento da produção resulta da necessidade de ter disponível crude em bruto suficiente para alimentar a projectada refiaria de Cabinda e também a do Lobito, embora esta só deva estar operacional mais tarde, provavelmente em 2026.
Tudo isto poderá ser fortemente suportado pela entrada ao serviço, já este ano, dos dois navios-sonda encomendados aos sul-coreanos da DSME, que servirão para aumentar de forma significativa o número de furos de pesquisa por novos blocos, estando previstos para os próximos meses pelo menos seis destes, que deverão servir para aumentar o fornecimento de gás natural à planta LNG do Soyo.
Isto, porque, como confirmou a empresa na segunda-feira, o sector do gás natural sofreu uma quebra entre 2017 e 2018, passando de 1.370 toneladas métricas para as 1.352, somando cerca de 1 por cento menos, isto na produção própria, sendo que o decréscimo no global produzido no país foi significativamente maior, cerca de 2%, de 5,598 para 5.479 toneladas métricas.