Esta cianobactéria era uma das que estavam na lista das razões prováveis por detrás das mortes de elefantes no Botsuana, o país africano com as maiores manadas do continente e em todo o mundo.
Como o Novo Jornal noticiou há cerca de duas semanas, a prolongada seca que o sul do continente atravessa tem secado os charcos e lagoas obrigando os animais a beber água que, normalmente, e por instinto, recusam por terem memória acumulada dos efeitos nefastos que provocam a presença destas bactérias que exalam um odor característico e são potencialmente mortais para várias espécies de animais selvagens.
Esta descoberta resultou dos esforços feitos por dezenas de investigadores que procuraram ao longo dos últimos meses encontrar a razão para estas inusitadas mortes de centenas de elefantes, tendo agora chegado a esta conclusão através de testes laboratoriais realizados na África do Sul e na Europa
De acordo com a imprensa local, os responsáveis pelo departamento da vida selvagem do Governo de Gaborone admitiram a satisfação por, finalmente, terem percebido a razão para estas mortes, mas, segundo um dos responsáveis do Departamento da Vida Selvagem e Parques Nacionais do Botsuana, Cyril Taolo, agora é preciso averiguar porque é que outros animais não estão a ser afectados.
E ficou ainda a saber-se que as mortes reduziram em grande medida quando os poços e charcos da região mais afectada secaram.
Desde o início deste ano foram encontrados mais de 350 elefantes mortos no Botsuana, no Delta do Okavango, sem que ninguém tenha, ainda, explicações para esta mortandade e o fenómeno está a alastrar para o Zimbabué, onde já foram encontrados dezenas de cadáveres de indivíduos desta espécie igualmente sem causas conhecidas.
O fenómeno dos elefantes mortos no Botsuana, num número jamais visto sem que se saiba a razão, começou a ser notado em Maio último e depois de, em 2019, o Governo de Gaborone ter criado legislação para permitir o abate dos paquidermes, alegando a necessidade do regresso do turismo de caça e ainda porque as manadas estão a crescer de forma insustentável devido aos longos anos de protecção a que esta espécie está sujeita por risco de extinção no continente africano e porque começam a invadir plantações na região devido à seca severa.
Entre os elefantes mortos, tanto no Botsuana como no Zimbabué, estão juvenis, adultos, fêmeas e machos, sem aparente distinção, tendo esta situação apanhado os cientistas desprevenidos.
O fenómeno tornou-se ainda mais intrigante porque muitos dos indivíduos que pereceram, antes de tombarem mortos, andaramm por algum tempo em círculos desconexos, acabando por desfalecer deixando a cabeça cair para a frente.
Os cientistas que analisaram e estudaram este fenómeno descrevem a situação como um "desastre natural" sem paralelo.
Nos voos de reconhecimento feitos recentemente, as grandes manadas com centenas de elefantes deram lugar a apenas alguns, dispersos, quase sempre indivíduos mais velhos, sendo que isso significa que milhares fugiram da região, até agora sem que se saiba muito bem para onde, mas os países vizinhos são uma possibilidade, o que inclui, para além do Zimbabué, Angola, a Zâmbia, a Namíbia e até a África do Sul.
Pouco depois de terem sido descobertos os primeiros cadáveres em número anormal, as teorias que colheram mais credibilidade foram tratar-se de uma epidemia de um vírus denominado EMC, com designação científica de encephalomyocarditis, ou então uma neurotoxina proveniente de uma alga que se desenvolve em poças de água com determinadas condições climatéricas, na maior parte em resultado de alterações climáticas que obrigam os animais a percorrerem largas distâncias para encontrar água, consumindo, por vezes, água contaminada em desespero por causa da sede severa.