"Estes esforços devem ser dirigidos às causas e que levaram ao surgimento do Boko Haram", disse o vice-secretário de Estado norte-americano numa reunião sobre segurança e estabilidade na capital nigeriana.

De outro modo, surgirá o "Boko Haram 2.0", avisou Anthony Blinken.

É também preciso que antigos combatentes do Boko Haram e suspeitos sejam tratados com dignidade e no respeito dos direitos humanos, referindo-se a várias acusações de abusos contra civis e suspeitos de pertencerem ao grupo terrorista, disse.

Philip Hammond, ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, declarou ser necessário "muito mais", além de uma estratégia militar e uma força regional, para neutralizar a ameaça do grupo Boko Haram à segurança em África.

Os países atingidos pela violência têm que conquistar "os corações e as mentes daqueles que sofreram o terror do Boko Haram", uma vez que este é uma "luta de gerações contra um mal que destruirá todos, se não for destruído", afirmou.

"Temos de manter esta luta até que o mal seja derrotado e o bem vença", frisou Hammond, no encontro em que participaram Benim, Camarões, Chade e Níger.

Estes países vão participar numa força regional de 8.500 soldados de combate aos terroristas.

O presidente do Chade, Idriss Deby, destacou a ameaça da Líbia, há muito uma fonte de armas e explosivos que entram na região do Sahel, alvo de múltiplas ameaças de grupos extremistas.

O chefe de Estado francês, François Hollande, também presente na reunião de Abuja, disse que "ninguém devia baixar a guarda" em relação ao Boko Haram, dadas as suas ligações ao EI.

Nos últimos 15 meses, as operações militares contra o Boko Haram levaram o grupo a recuar até às zonas em redor do lago Chade, fronteira entre a Nigéria, Camarões, Chade e Níger.

A nova força conjunta multinacional (MNJTF, sigla em inglês), que tem o apoio da União Africana (UA), com sede em N"Djamena (Chade) e sob o comando de um general nigeriano, devia ter sido destacada em Julho passado.

Quase sete anos de violência no nordeste da Nigéria deixaram pelo menos 20 mil mortos e forçaram mais de 2,6 milhões de pessoas a fugir de casa, com poucas possibilidades de regressarem em breve.

Casas, negócios, escolas, equipamentos médicos, instalações governamentais e infraestruturas de telecomunicações e de energia, fontes de água e zonas de terra arável foram destruídas ou danificadas nos confrontos entre terroristas e exército.

As autoridades do estado de Borno, o mais atingido pela violência, disseram que os deslocados atravessam uma "crise alimentar" e que são necessários 5,1 mil milhões de euros para reconstruir infraestruturas.