Face a este crescendo do descontentamento popular, mostrado pelos media internacionais através de imagens com objectos a arder nas ruas de Teerão, o ministro do Interior veio a público avisar que as forças de segurança vão ser accionadas para debelar esta vaga de protestos se ocorrerem excessos por parte dos manifestantes.
Milhares de pessoas estão nas ruas da capital iraniana e noutras grandes cidades, para mostrar o seu descontentamento com os aumentos de 50 por cento no preço dos combustíveis, medida que o Governo do Presidente Hassan Rouhani se viu obrigado a aplicar por causa da crise económica em que o país mergulhou após a reposição das sanções pelos EUA há cerca de ano e meio.
Esta opção pelo regresso das sanções foi tomada por Donald Trump logo após ter assumido a Presidência do país, "saltando", contra a vontade e sob fortes críticas dos restantes signatários - China, Rússia e União Europeia - do acordo nuclear que fora considerado um enorme sucesso do seu antecessor, Barack Obama, em 2015.
Ruas bloqueadas e confrontos com a polícia estão a marcar estes últimos dois dias no Irão, havendo registos, sem confirmação oficial, de um morto, apesar de as forças de segurança estarem a mostrar uma contenção rígida face aos protestos, o que deixa claro que Teerão não quer dar azo para que o país se transforme em mais um caso de caos social devido a uma crise económica, como sucede há várias semanas em países como o Chile, o Equador, o Iraque, entre outros.
Este aumento em 50% no preço da gasolina foi justificado pelo Governo de Rouhani com a necessidade de encontrar forma de financiar as medidas anti-pobreza em execução no país, sendo que o Irão está entre os países do mundo com os combustíveis mais baratos.
Cada litro de gasolina, com este aumento de 50 por cento, para 15 mil rials, custa agora 35 cêntimos de USD, o mesmo preço praticado em Angola embora o Irão tenha a vantagem de ser praticamente auto-suficiente em refinação, com capacidade instalada de 2,1 milhões de barris por dia - até Março de 2020 esta capacidade passa para 2,4 milhões de barris por dia -, nas suas 10 refinarias instaladas no país.
O ministro do Interior, Abdolreza Rahmani Fazli, em declarações transmitidas pela TV estatal iraniana e reproduzidas pelos media internacionais, já veio confirmar que a contenção policial é um decisão do Governo, mas deixou claro que os limites estão traçados e são a destruição de propriedade pública e privada durante os protestos, mesmo que algumas imagens tenham sido divulgadas que mostram alguns manifestantes a serem agredidos. Porém, a maior parte das manifestações têm sido pacíficas.