O controlo do território é disputado por Reino de Marrocos e pelo movimento independentista Frente Polisário, que, a 27 de Fevereiro de 1976, proclamou a República Árabe Saaráui Democrática (RASD) ou Al-Jumhuriyyah, e tem, desde então, um governo no exílio.

A RASD é reconhecida por meia centena de países e é membro da União Africana desde 1984, mas não da ONU, e as acusações de que a Argélia, entre outros países, apoia os saarauis, são constantes e focos de tensão permanente na região.

Depois de há alguns meses ter afirmado a sua intenção de regressar à União Africana (UA), organização que abandonou na década de 1980 por causa da disputa sobre o Saara Ocidental, Marrocos quer ver a ONU a encontrar uma solução satisfatória para este diferendo, um dos mais antigos combates diplomáticos no mundo por um território.

Nesse contexto, o ministro do Interior marroquino, Charki Braiss, apelou na terça-feira às Nações Unidas para pressionarem a Argélia para "contribuir para uma solução" que resolva o problema do Saara Ocidental.

"Desejamos que a ONU, que tem esse problema nas mãos, possa convencer esse país (Argélia) a dar uma contribuição para que encontremos uma solução", disse Charki Braiss, num encontro com cerca de 50 jornalistas africanos que efetuam uma visita a Marrocos.

As autoridades marroquinas reivindicam o Saara Ocidental como parte do seu território, mas reconhece que essa opinião não colhe consenso entre os países africanos e mesmo a nível das Nações Unidas.

"O problema do Saara que as pessoas chamam ocidental e que chamamos marroquino é um problema que se arrasta há 40 anos e que envenena um pouco a situação em África. É um problema que existe", disse o ministro.

"Se recorrermos à história, verá que o Marrocos foi colonizado por dois países, mas conseguimos recuperar o nosso território progressivamente e nunca abandonamos esse território (Saara Ocidental)", acrescentou.

O governante marroquino disse que o seu Governo "tem feito todo o esforço" junto da comunidade internacional para encontrar uma solução para a questão, acusando a vizinha Argélia de querer "fazer perdurar" o problema.

"Trata-se de um determinado país que apoia a Frente Polisário (braço armado do povo saarauí) que se encontra no território argelino e que actualmente tem 40 a 50 mil reféns marroquinos em seu poder", acrescentou.

Angola tem interesse na questão há muito tempo e defende, desde sempre, o direito à autodeterminação do povo saaraui, embora mantenha uma porta aberta para que Marrocos possa entrar na discussão global que percorre há décadas os corredores da ONU e da União Africana, organização onde Luanda quer ver de novo Rabat.

Em 2014, numa Cimeira da UA, o Vice-presidente angolano, Manuel Vicente, afirmou a amizade de Angola com os dois povos, ao mesmo tempo que sublinhava a necessidade de a organização pan-africana assumir um papel mais determinado na resolução deste diferendo, que deve, no entender de Angola, ter como base o direito à autodeterminação saaraui.

Este princípio, de colocar nas mãos da UA a procura de uma solução, tem, na ambição de Rabat em regressar à organização, um elo importante, apoiando, por isso, Luanda essa intenção.

Recorde-se que Marrocos abandonou há 32 anos a UA em protesto pela entrada na organização do Saara Ocidental.