O país mais populoso do continente africano, com cerca de 200 milhões de habitantes e com 84 milhões de eleitores inscritos, deveria escolher, hoje, entre 70 candidatos, o futuro Presidente, embora se saiba que a decisão estará centrada em dois nomes.

Na linha da frente desta disputa vão estar os nomes do actual Presidente, Muhammadu Buhari, de 76 anos, que procura renovar a confiança dos nigerianos, e Atiku Abubakar, de 72, ambos com larga experiência de governação. Buhari já ocupou mesmo o lugar na década de 1980, entre 1983 e 1985, onde chegou através de um golpe militar.

Esta ida às urnas está a ser encarada pelos analistas como sendo claramente um referendo à governação de Buhari e se a população nigeriana está disponível para esquecer os sucessivos problemas de saúde do seu Presidente, embora as mais recentes sondagens indiquem que não deverá ser bem assim, com Atiku claramente à frente nas intenções de voto.

Este adiamento das eleições foi uma surpresa relativa, visto que, ao longo do dia de ontem, sexta-feira, os media nigerianos e alguns internacionais, divulgaram a existência de dúvidas sobre o destino que tinha sido dado a milhares de boletins de voto, dos quais ninguém parecia saber o paradeiro, ou ainda devido aos repetidos episódios de violência, com o registo de dezenas de mortos em acções de campanha.

Sobre as causas oficiais para este adiamento, a Comissão Eleitoral prometeu dar explicações em conferência de imprensa durante a tarde de hoje, embora este tipo de decisão já não seja uma novidade na Nigéria, porque em anteriores pleitos, as autoridades eleitorais já adiaram a ida às urnas, sempre alegando com a necessidade de garantir as condições perfeitas para que a democracia não seja obliterada.

Desta feita, o presidente da Comissão Eleioral Mahmood Yakubu, disse aos ornalistas em Abuja ter sido uma decisão muito difícil de tomar "mas essencial para garantir a consolidação da democracia" na Nigéria

Para além do Presidente, os 84 milhões de eleitores vão ainda escolher os deputados nacionais e os governadores das 36 estados em que o gigante africano está administrativamente dividido.

SEndo populoso país do continente africano, a Nigéria é ainda o maior produtor de petróleo africano, cuja exportação é o garante da sua relativa pujança económica em termos comparativos no continente, sendo, por isso, a maior economia africana.

As tentativas feitas nos últimos anos para lançar programas de diversificação económica, seja na agricultura ou na indústria ligeira, foram relativos insucessos, mantendo-se a petrodependência como o mais relevante dado sobre a economia do país.

Com um pujante crescimento populacional, a Nigéria deverá ultrapassar os 400 milhões de habitantes ainda este século, o que fará dele o 3º mais populoso do mundo.

Mas, se este é um dado importante para o papel que a Nigéria desempenha no continente, a extrema pobreza em que vive quase metade da sua população, faz deste gigante africano um anão em matéria de direitos e bem-estar social.