"A visita de vossa excelência, senhor Presidente João Lourenço, a Portugal encerra um intervalo longo demais nas visitas recíprocas dos dois chefes de Estado e, ao mesmo tempo, inicia um novo e promissor ciclo", afirmou o chefe de Estado português.
Marcelo Rebelo de Sousa falava no Palácio de Belém, em Lisboa, no final de um encontro com João Lourenço e a sua mulher, Ana Dias Lourenço, durante o qual condecorou o Presidente de Angola com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique.
No seu entender, "este novo ciclo tem três dimensões", a presidência de João Lourenço, as relações entre os dois povos e os dois Estados, "cada vez mais destinados a agir com fecunda cumplicidade", "ultrapassadas recriminações, suspeições, incompreensões, umas muito antigas, outras mais recentes".
Agora, há que "fazer menos por ideologias, preconceitos, lastros do passado e mais, muito mais, por um sensato realismo de sonharem com melhor futuro", defendeu o Presidente português.
Em relação à presidência de João Lourenço, Marcelo Rebelo de Sousa disse que é marcada por "desejo de mudança, renovação geracional, revisão de métodos, equilíbrio financeiro, diversificação e crescimento económico, afirmação do Estado de direito, combate à corrupção, projecção de futuro como potência regional no mundo".
"Tudo assinalado por uma personalidade sensível ao que mudou e muda em torno de todos nós e que conhece bem Portugal e os portugueses, que sabe onde, quando e como pode fazer pontes de mútuo benefício", acrescentou.
O Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique é o mais alto grau da Ordem e é concedido pelo Presidente da República a chefes de Estado estrangeiros. A mulher do Presidente de Angola foi condecorada com a Grã-Cruz da mesma ordem.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu que, ao condecorar João Lourenço, prestou homenagem a todo o povo angolano e reiterou que está confiante de que se abre neste momento "um novo tempo para os dois Estados".
"Hoje que o sol apareceu e a chuva passou, exactamente no momento da chegada de vossa excelência, eu lhe digo: seja bem-vindo a Portugal, senhor Presidente, a esta sua terra também. E que a visita que inicia neste momento signifique que, uns e outros, não iremos desperdiçar essa oportunidade única", declarou.
Segundo o chefe de Estado português, Angola assume "manifesta a crescente relevância em todas as latitudes e longitudes" e Portugal está igualmente "mais internacional, nas Nações Unidas, na Organização Internacional para as Migrações, no Eurogrupo, também como plataforma entre culturas e civilizações, continentes e oceanos".
"Geoestrategicamente estamos, na diversidade dos nossos trilhos, ainda assim e cada vez mais destinados a agirmos com fecunda cumplicidade, na Euro-África, no transatlantismo, nas Américas, no mundo árabe", sustentou.