O dia começa com a protocolar deposição de uma coroa de flores no Memorial de Agostinho Neto, seguindo-se um encontro entre os dois Presidentes a que se segue uma conferência de imprensa, ao mesmo tempo que a delegação ministerial portuguesa se sentará à mesa com a sua congénere angolana para ultimar a assinatura de um conjunto alargado de acordos e protocolos, que vão desde a agricultura às pescas, passando pela educação e, entre outras áreas, a indústria.
Mas o tema mais quente, apesar de já ter sido diluído pelos dois lados, é a questão da dívida do Estado angolano a empresas portuguesas, que o próprio João Lourenço já disse estar quase ultrapassado e que durante esta visita de Marcelo Rebelo de Sousa veria um novo avanço importante rumo à normalização para a qual os dois Governos, segundo o Presidente português "estão a trabalhar a todo o vapor".
Mas é à tarde que acontece um dos momentos mais significativos desta visita que termina no Sábado: um discurso na Assembleia Nacional, tal como o seu homólogo angolano proferiu no Parlamento português quando, há cerca de três meses, esteve em Portugal para uma visita de Estado.
A única, aparentemente, ameaça ao brilho que seria de esperar do discurso do experiente professor universitário que foi toda a vida o Presidente português, chega de um dos deputados da UNITA, David Mendes, que já disse que vai boicotar, ausentando-se do momento, em protesto pelos privilégios que diz estarem a ser preparados para os portugueses em Angola, especialmente na área da saúde, com a vinda para Angola de centenas de médicos.
Recorde-se que a visita de Marcelo começou com este a explicar o que, no seu entender, distingue os estadistas dos simples políticos, e que, como o NJOnline noticiou na terça-feira, é, em síntese, que os políticos se prendem aos "irritantes" do passado e aos "insignificantes" do presente enquanto o estadista "olha para os importantes do futuro".
Depois, já ao fim do dia, Marcelo volta à Universidade Agostinho Neto, onde leccionou e se deslocou com regularidade durante alguns anos, para uma conversa com estudantes, antes de ir, de novo, para o Palácio Presidencial onde o seu anfitrião, João Lourenço, lhe oferece o tradicional jantar.
Quinta e sexta-feira são dias em que a comitiva portuguesa se desloca a Benguela, onde acontecerá o fórum económico com empresários dos dois países e um encontro com a comunidade lusa - que em Angola, segundo dados oficiais, é de cerca de 140 mil pessoas, incluindo duplas nacionalidades -, e depois à Huíla, estando, entre outros pontos da agenda, previstos encontros com os governadores provinciais e deslocações a universidades e escolas, como Escola Portuguesa do Lubango. A Escola Portuguesa de Luanda também receberá o Chefe de Estado português.
Com Marcelo vão andar os ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, e da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro e ainda os líderes das bancadas parlamentares e representantes de todos os partidos com assento no Parlamento português.
Marcelo Rebelo de Sousa regressa a Lisboa no Sábado, dia em que comemora o 3º aniversário como Chefe de Estado.