A decisão foi tomada na 5ª Sessão Extraordinária do órgão deliberativo máximo do Partido no intervalo dos congressos, que se encontra reunido para a avaliação final dos preparativos do 7.º Congresso Extraordinário, de 15 de Junho próximo.
"O Comité Central aprovou a instauração de um processo disciplinar e a aplicação da medida de suspensão da qualidade de membro do Comité Central, de acordo com o Artigo 35.º dos Estatutos do MPLA, a camarada Welwitschea José dos Santos, membro deste órgão, pela conduta que atenta contra as regras de disciplina à luz dos Estatutos e do Código de Ética Partidária", diz o partido no comunicado final da reunião.
De lembrar que a deputada e filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos se encontra fora do País. Nas redes sociais estiveram a circular áudios onde Tchizé dos Santos relata diferentes versões das razões para a sua ausência do País. Uma onde diz que está fora porque está a ser perseguida e teme que possa ser detida, como sucedeu com o seu irmão, José Filomeno, ou o deputado Manuel Rabelais; outra onde justifica a ausência com problemas de saúde de familiares seus.
Depois da publicação desses vídeos, a deputada, em declarações à Lusa, afirmou que o actual chefe de Estado está a fazer um "golpe de Estado às instituições" em Angola e pedia a destituição de João Lourenço, avançando que está "involuntariamente" fora do país devido à doença da filha e que há vários meses está a ser "intimidada" por dirigentes do partido.
Estas declarações chocam, contudo, com outras reveladas nas redes sociais, onde, sobre a destituição, garantia que não pediu a destituição de João Lourenço e que disse apenas que os actos do Presidente da República ferem a Constituição angolana e, por isso, pode ser alvo de um "impeachment".
Face a estas declarações, citado igualmente pela Lusa, o porta-voz do MPLA, Paulo Pombolo, considerou como "muito graves" as declarações de Tchizé dos Santos e afirmou que o partido as ia analisar à luz dos estatutos partidários.
Uma dessas afirmações, consideradas graves pelo MPLA, é aquela onde a deputada diz que é João Lourenço que lhe está a "fazer perseguição através do MPLA", porque "ninguém no MPLA toma uma atitude sem a autorização do Presidente, ou sem a sua orientação".
Paulo Pombolo pedia "provas" do que afirmava Tchizé dos Santos e considerava muito grave este comportamento e absurdas as suas palavras.
"Exigir a destituição do Presidente João Lourenço? Acusar o Presidente de ser um ditador? De estar a fazer um golpe de Estado às instituições em Angola? Tem provas? São palavras absurdas e declarações graves, muito graves, que o partido vai analisar", incluindo pela sua comissão de disciplina, disse ainda o porta-voz do MPLA.
"A camarada Tchizé dos Santos, como membro do Comité Central, sabe que há regras e normas a cumprir e está a portar-se mal", afirmou, lembrando que tudo começou com uma carta do grupo parlamentar do MPLA, datada de 7 de Maio, a "aconselhar" a deputada a suspender temporariamente o mandato por estar ausente do Parlamento há mais de 90 dias, sendo que se essa atitude não partir da própria, o partido, à luz dos seus estatutos, pode fazê-lo, tanto nos órgãos do MPLA como no seu grupo parlamentar.