"O regulamento é claro. O deputado que deixe de comparecer a quatro reuniões plenárias numa sessão legislativa, sem justificação aceite pelo presidente da Assembleia Nacional, perde o mandato", disse ao NJOnline, Paulo Pombolo, deixando perceber que no seu entendimento é essa a situação em apreço.
Segundo o porta-voz do MPLA, passados 90 dias de ausência, a deputada Tchizé dos Santos deve fazer um pronunciamento, porque ela conhece melhor o estatuto dos deputados, embora faça questão de garantir a inexistência de quaisquer questões pessoais, apenas está a ser esgrimido aquilo que está plasmado no regimento da Assembleia Nacional e na lei.
"Nada contra ela, quer no partido, quer na Assembleia Nacional. O mas importante é o cumprimento daquilo que está estabelecido na Lei", acrescentou Paulo Pombolo, enfatizando que muitos membros, deputados e militantes, do MPLA, não estão de acordo com as insurreições da deputada.
Para Paulo Pombolo, os "pronunciamentos de certos militantes do partido, que a todo custo tentam manchar o seu bom nome, não implicam nem conduzem ao desprestígio de uma organização da dimensão do MPLA".
"Não há crise interna no seio do MPLA. O partido mantém-se unid, coeso e devidamente estruturado, da base ao topo", disse Paulo Pombolo.
Segundo apurou o NJOnline, antes da 7.ª Reunião Plenária Ordinária da Assembleia Nacional, agendada para o dia 22 deste mês, que vai votar a proposta do Orçamento Geral do Estado (OGE) 2019, o assunto da deputada será analisado pelo Grupo Parlamentar do MPLA e pelo próprio presidente da Assembleia Nacional.
As declarações da deputada Tchizé dos Santos contra o Presidente da República, João Lourenço, e sua oposição de não assinar a carta de suspensão de mandatos na Assembleia Nacional como deputada levantaram reflexões no seio da sociedade.
Por exemplo, a UNITA também se pronunciou considerando que as afirmações da parlamentar são "indicadores de declínio" no MPLA.
O porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, disse à Lusa que as palavras de "Tchizé" dos Santos, "não parecem isoladas".
Nas redes sociais "Tchizé" dos Santos recusa que tenha pedido a destituição do Presidente da República de Angola conforme foi avançado pela imprensa, admitindo, contudo, que entende existirem razões para o "impeachment" no comportamento de João Lourenço porque ferem a Constituição angolana.
Nas redes sociais, a deputada e filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, estiveram a circular áudios onde Tchizé dos Santos relata diferentes versões das razões para a sua ausência do país. Uma onde diz que está fora porque está a ser perseguida e teme que possa ser detida, como sucedeu com o seu irmão, José Filomeno, ou o deputado Manuel Rabelais; outra onde justifica a ausência com problemas de saúde de familiares seus.